O indicador de sustentabilidade “biodiversidade e uso da terra” é o menos reportado pelas instituições financeiras (IFs) brasileiras, de acordo com pesquisa da EY. Fazem parte dele aspectos como investimentos em florestas; projetos socioambientais para recuperação de áreas e restauração florestal; portfólio em florestas; e áreas para geração de carbono.
Já o indicador emissões de
carbono é bastante explorado nos relatórios das IFs, incluindo inventários de
emissão; grau de aderência à TCFD (Força-Tarefa sobre divulgações financeiras
relacionadas ao clima); e compromissos e metas de carbono alinhados a acordos
internacionais. O desempenho nesse último indicador é tão positivo que se
destaca em comparação com instituições financeiras globais.
“Esse resultado é coerente com o grau de maturidade desses temas nas agendas das IFs. Mudanças climáticas são um tema amplamente debatido e que ganhou força empresarial a partir das conferências do clima da Organização das Nações Unidas e do advento da TCFD e do seu respectivo padrão de divulgação, que passou a servir como referência para incorporação de aspectos climáticos na gestão dos negócios”, analisa Rafael Schur, sócio da EY e líder do segmento de Mercado de Serviços Financeiros para o Brasil.
Impactos na gestão de riscos
As instituições financeiras
reportam como as mudanças climáticas afetam seus negócios, mensuram os impactos
de sua operação direta por meio dos inventários de emissão de carbono e têm
como desafio setorial avançar na mensuração e no reporte de suas carteiras financiadas,
cujos impactos são fundamentais para a gestão de riscos e oportunidades na
transição para uma economia de baixo carbono.
As constatações sobre o
desempenho nos indicadores citados fazem parte de pesquisa da EY que analisou
13 IFs brasileiras (bancos, cooperativas, seguradoras e gestoras de ativos),
tendo por base os relatórios publicados no ano passado, com dados referentes às
operações de 2021. O estudo foi feito por meio de metodologia própria da EY
para análise de geração de valor de longo prazo, que identifica três tipos de
alavancas: valor para a sociedade, valor para os colaboradores e valor para os
consumidores.
Foi considerado um conjunto de
mais de 100 métricas compreendendo divulgações de sustentabilidade; temas
materiais e influência sobre desempenho financeiro; riscos e oportunidades; e
partes interessadas, como clientes, funcionários, comunidades e consumidores.
Normas do ISSB
O reporte das mudanças climáticas
também está contemplado na IFRS S2, lançada recentemente, ao lado da IFRS S1,
pelo ISSB (International Sustainability Standards Board), braço da IFRS
Foundation. A IFRS S2 define como deve ser o reporte de riscos e de
oportunidades relacionados ao clima, que são necessários para avaliar o impacto
das mudanças climáticas sobre a empresa.
Essas normas promovem a
integração ou conectividade entre os relatórios financeiro e de
sustentabilidade. Isso significa dizer que os objetivos de sustentabilidade
traçados pela empresa com impacto financeiro precisam ser considerados ou
justificados no reporte financeiro. A consequência imediata é o combate ao
greenwashing, prática que consiste na divulgação falsa ou imprecisa por parte
das organizações de iniciativas de sustentabilidade.
A implementação dessas normas
deve começar em janeiro de 2024, dependendo do arcabouço regulatório local, com
fases e regras de transição previstas para facilitar sua adoção pelas
organizações. A IFRS S1 e S2 não são obrigatórias, mas podem assim se tornar,
dependendo da regulação adotada por cada país. A regulamentação local fará com
que essas normas do ISSB passem a integrar o arcabouço regulatório do país. Ao
fazer isso, definirá se elas serão de cumprimento obrigatório ou voluntário.
No Brasil, a IFRS S1 e S2 serão
traduzidas pelo CBPS (Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de
Sustentabilidade), levadas a uma consulta pública e encaminhadas para
reguladores como a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), podendo impactar as
empresas brasileiras de capital aberto, subsidiárias ou que tenham operações em
países que sigam as normas do ISSB.
Fonte: Terra.

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