A guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, deu ênfase à questão da crise de energia que afeta o mundo pós-pandemia, sobretudo a Europa e as nações desenvolvidas. Apesar da dependência do gás russo por parte de algumas nações europeias, o Ocidente impôs sanções econômicas à Rússia, tirando a liberdade de exportação do gás e petróleo do país.
Para Lenardo José Saraiva de
Castro, engenheiro formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e
especialista em pesquisa e desenvolvimento, o efeito inevitável à medida foi a
restrição na oferta de petróleo e aumento do preço do barril, impactando de
forma significativa o custo de produção e transporte, alimentando a inflação e
levando a crise econômica a níveis sem precedentes.
"O Brasil é o país com a maior diversidade de geração de energia limpa do universo, conforme a EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Em 2020, 48.3% da nossa matriz energética já era do tipo energia renovável", destaca o engenheiro. "No caso da geração de energia elétrica, apenas 17% de nossa matriz depende de fontes não renováveis, onde se incluem os combustíveis fósseis. Esse é um importante contraponto à matriz de geração de energia elétrica mundial que, em 2019, apresentava 73% da geração oriunda de fontes não renováveis", acrescenta.
Para o especialista, esse potencial de geração de energia diz respeito à possibilidade de exploração do potencial eólico brasileiro. "Em janeiro, o decreto Nº 10.946/2022 dispôs sobre o aproveitamento de recursos naturais para gerar energia elétrica a partir de usinas offshore, o que ampliou o potencial energético", diz ele. "Somando a esse potencial o da energia solar, o Brasil - e, em particular, o Nordeste - pode se tornar provedor de energia para o mundo", considera.
Segundo Castro, produzir,
armazenar e transportar Hidrogênio de forma economicamente viável, sem ofender
o meio ambiente, é o desafio da engenharia para tornar o Hidrogênio o
combustível do futuro.
"O hidrogênio pode ser
extraído pela gaseificação do carvão, ou do gás natural, e da biomassa, mas é
na eletrólise da água que o melhor dos mundos acontece", explica. "O
H2, ao ser produzido na eletrólise da água, libera oxigênio na atmosfera e, na
outra ponta, para ser melhor transportado como energia líquida, rouba CO2 do
meio ambiente na produção de hidrocarbonetos combustíveis ou, ainda,
simplesmente liberam água. Como nada é perfeito, essa eletrólise precisa de
muita energia em um processo pouco eficiente - a eletrólise da água produz
perda de 20% da energia aplicada", informa.
Para concluir, Castro afirma que,
assim como no caso do pré-sal, para o qual a Petrobrás desenvolveu tecnologias
e é, hoje, um dos principais players na prospecção da camada de sal, agora
surge a oportunidade com o Hidrogênio Verde. "O Brasil tem universidades
preparadas e pode ser o país mais competitivo na produção, estocagem e
transporte de Hidrogênio Verde", conclui.
Fonte: Terra.

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