A agricultura brasileira deu um salto gigante quando, lá na década de 1960, a agrônoma especializada em microbiologia do solo, Johanna Döbereiner, provou que a fixação biológica de nitrogênio (FBN) era viável nas lavouras de soja. A descoberta da pesquisadora da Embrapa tornou dispensáveis os adubos nitrogenados para a sojicultura e gerou uma economia anual acima de US$ 2 bilhões para a atividade no País. Mas como esta não é a realidade na maioria das culturas, a apreensão com o fornecimento de nitrogênio é uma constante na produção agrícola e na pecuária.
E é exatamente a ciência que
agora mostra uma preocupação em relação ao equilíbrio da disponibilidade de
nitrogênio. Enquanto alguns lugares do planeta sofrem com a escassez, em outros
o problema é o excesso deste elemento. Essa é uma das conclusões de uma
pesquisa divulgada pelo site Futurity. O estudo desenvolvido pela Universidade
de Michigan, nos Estados Unidos, foi publicado na revista Science, veículo da
American Association for the Advancement of Science (AAAS).
De acordo com o artigo científico, atividades industriais e agrícolas contribuíram para esse desequilíbrio ao longo do último século, sobretudo em relação ao excesso, transformando o nitrogênio em toxina. Por outro lado, em regiões sem essa interferência, a disponibilidade do elemento químico está diminuído. Ao revisarem estudos de longo prazo, globais e regionais, os pesquisadores encontraram evidências de que a oferta de nitrogênio vem caindo há cem anos em pastagens da região central da América do Norte, o que também diminuiu o nível de proteína na dieta dos rebanhos.
A descoberta foi semelhante em
relação a florestas também da América do Norte e da Europa, com defasagem
nutricional de décadas. Isso comprova que a preservação do meio ambiente passa
por ciclos. Ao mesmo tempo em que múltiplas mudanças ambientais, entre outras
causas, provocam a redução de nitrogênio, esse efeito reduz também a capacidade
dos vegetais de remover o dióxido de carbono da atmosfera, e aí fecha a conexão
desse circuito. Segundo um dos autores do estudo, dependendo do lugar e do
contexto, esse quadro reforça, por exemplo, a urgência de uma revisão sobre a
dependência de combustíveis fósseis.
Fonte: Isto É Dinheiro.

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