As mudanças climáticas provocadas pela ação humana – em especial a emissão de gases do efeito estufa consequente da queima de combustíveis fósseis – estão intensificando as ondas de calor registradas no Brasil, conclui um "estudo rápido de atribuição" realizado por pesquisadores do ClimaMeter.
O ClimaMeter é um grupo de
cientistas de diferentes países que realiza estudos que colocam os extremos
meteorológicos em uma perspectiva climática logo após a sua ocorrência. O
grupo, liderado por pesquisadores do centro especializado em ciências climáticas
da Universidade Paris-Saclay, é financiado pela União Europeia e pela Agência
Francesa de Investigação (CNRS).
De acordo com o monitoramento, a onda de calor verificada em março está 1°C mais quentes do que as ondas de calor registradas em anos anteriores.
Na segunda quinzena de março,
diversas capitais tiveram recordes de temperatura por causa da terceira onda de
calor do ano. A cidade de São Paulo, por exemplo, chegou a registrar 34,3°C,
maior temperatura para o mês desde o início da série histórica do Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet).
Davide Faranda, diretor de
pesquisa da Agência Francesa de Investigação (CNRS) e do Instituto Pierre Simon
Laplace (IPSL), explica que, ao comparar as temperaturas atuais com as
registradas em eventos passados, é possível observar um pico recorde de calor.
Os pesquisadores também
analisaram que as ondas de calor no passado aconteciam, principalmente, entre
novembro e dezembro, na transição da primavera para o verão. E que, atualmente,
estão se tornando mais frequentes entre fevereiro e março.
Davide explica que a queima de
combustível fóssil que está causando o aumento da temperatura global não é
homogênea ao longo da estação. Isso faz com que os eventos de calor extremo
estejam piorando não só na transição para o verão, mas também ao longo da
primavera e do outono.
Nas demais estações, a combinação
de outros fatores climáticos pode favorecer a sensação de calor. "No
começo do outono, por exemplo, ainda há muito calor acumulado do verão, que se
combina aos ventos fortes característicos do outono. Isso pode desencadear
tempestades que, nesse cenário, potencializam a sensação desse calor
úmido", analisa o pesquisador.
Fonte: G1.

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