Em uma nova fase em sua relação com agricultores brasileiros, especialmente produtores de café e cacau, a gigante Nestlé pretende pagar prêmios de preço não somente pela qualidade do produto, mas também pela sustentabilidade da produção.
Em entrevista à Reuters, o CEO da Nestlé para as Américas, Laurent Freixe, disse ainda que a maior compradora global de café está disposta a ajudar cafeicultores atingidos pela seca e geadas no Brasil, com financiamentos e apoio no replantio de lavouras com variedades que tenham maior tolerância à falta de chuva e pragas, além de serem mais produtivas.
"Hoje já pagamos prêmios, mas ele estão essencialmente relacionados à qualidade. No futuro, pagaremos prêmios pela qualidade e também pela aplicação de técnicas para a agricultura regenerativa", disse o executivo, em uma teleconferência nesta quarta-feira.
"É uma nova dimensão, e o Brasil é muito importante para a Nestlé nesta transformação", destacou ele, sem especificar o valor dos prêmios.
A Nestlé, que compra mais de 10%
da produção global de café, anunciou recentemente que investirá 1,2 bilhão de
francos suíços nos próximos cinco anos para estimular a agricultura
regenerativa em toda a cadeia de fornecimento da empresa --ele não detalhou o
total para o Brasil.
A ambição integra os planos da
companhia para reduzir suas emissões pela metade até 2030 e atingir emissões
líquidas zero em 2050.
Dessa forma, a companhia quer
recompensar agricultores também pelos benefícios que eles proporcionam ao meio
ambiente mediante proteção do solo, manejo da água e sequestro de carbono.
A companhia, que tem parceria com
a estatal Embrapa, quer apoiar a assistência técnica para melhores práticas no
campo e também facilitar o financiamento para a adoção de tais diretrizes.
A agropecuária responde por quase
dois terços das emissões totais de gases de efeito estufa da Nestlé, com
laticínios e pecuária respondendo por cerca de 50%.
Freixe disse que, diante dos
efeitos da seca e geada para a cafeicultura do Brasil, a Nestlé está pronta a
"ajustar" o programa de apoio aos agricultores.
"Estamos comprometidos a
apoiar o setor nestes tempos difíceis", disse ele, admitindo que a
companhia já sentiu as consequências das intempéries nos preços mais altos da
commodity.
Além dos impactos climáticos, a companhia ainda lida atualmente com questões logísticas, como atrasos no transporte por gargalos no setor de contêineres, e impactos inflacionários em várias partes do mundo.
Fonte: Terra.
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