A importância de colocar a pauta
de sustentabilidade e ecologia no cotidiano das pessoas, de colocá-la ainda
mais nas escolas, no programa dos políticos e dentro de casa foi o principal
assunto em debate no quarto módulo do seminário Retomada Verde, realizado pelo
Estadão.
A mesa de debates online reuniu o
ator Mateus Solano, a jovem ativista Paloma Costa Oliveira e a apresentadora e
cineasta Marina Person. Quem mediou a conversa foi Rita Lisauskas, blogueira do
Estadão e colunista da Rádio Eldorado.
A ativista Paloma Oliveira disse
que precisa haver uma mudança de mentalidade, que o tema precisa estar presente
de maneira mais ampla. "Muitos pensam em meio ambiente como algo gigante,
imaginam a Floresta Amazônica lá longe. Mas não é isso. O impacto causado pelas
emissões de carbono em cidades grandes, como São Paulo, Rio e Brasília, cidades
estruturadas para o carro, está aí. Minha luta pela bicicleta é por uma mudança
sistêmica. É necessário lutar por nova forma do coletivo. É isso que a educação
traz. A minha história com a bicicleta é que fiquei cansada de ir em
conferências da ONU (Organização das Nações Unidas) e ver negacionistas naquele
espaço."
O ator Mateus Solano exemplificou
como que os assuntos ligados ao meio ambiente poderiam estar nas escolas.
"O tema da sustentabilidade está muito pouco entranhado. Em uma live outro
dia com um professor perguntei se deveria existir uma matéria de educação
ambiental. Ele respondeu que não, que educação ambiental tinha de estar em
todas as matérias. O meio ambiente tem de estar na frente de tudo e
misturado."
Marina Person passou cinco meses
da pandemia em um sítio no interior de São Paulo e comentou como pequenas
mudanças podem ser fundamentais para o início de uma transformação ambiental.
Ela acredita que esse período de isolamento social pode fazer com que as
pessoas repensem sobre a questão do deslocamento, que impacta diretamente o
meio ambiente.
"Enquanto no resto do mundo
a poluição diminuiu, no Brasil aumentou por causa do desmatamento da Amazônia.
Mas essa pandemia tem uma coisa da gente pensar qual a real necessidade de encontrar
com alguém pessoalmente? Muitas coisas podem ser feitas remotamente.
(Precisamos observar) quais são as reais necessidade e perceber o que não temos
de fazer. Parece besteira pensar 'ah, mas se eu consumir só essa garrafinha não
vai ser uma tragédia ambiental'. Não é bem assim. Pense globalmente."
"Temos de pensar na
humanidade como um todo e pensar fora da caixa. Não importa do lado que você
está na política. O retrocesso em questão de direitos humanos, ciência,
educação, cultura... isso tudo a gente consegue reverter num futuro. Mas a
natureza, não. Tem algo que é irreversível. O desmatamento é irreversível. É
uma tragédia que vai impossibilitar a vida na Terra. Temos de pensar em termos
evolutivos, em milhões de anos. O Sidarta (Ribeiro) fala uma coisa que foi uma
epifania pra mim: por que a gente consegue pensar no fim do mundo e não no fim
do capitalismo tal como ele é?", questionou Marina.
Fonte: Terra.