A reciclagem é o processo de
reaproveitamento do lixo descartado, dando origem a um novo produto ou a uma
nova matéria-prima com o objetivo de diminuir a produção de rejeitos e o seu
acúmulo na natureza, reduzindo o impacto ambiental. Pratica-se, então, um
conjunto de técnicas e procedimentos que vão desde a separação do lixo por
material até a sua transformação final em outro produto.
Apesar de não ser a única medida
a ser realizada para a diminuição do lixo produzido pela sociedade, a
reciclagem possui um importante papel, uma vez que, além de reduzir a
quantidade de rejeitos, também diminui a procura por novas matérias-primas.
Dessa forma, quanto mais se recicla, mais se reaproveita e, consequentemente,
menor é a necessidade de extrair novos materiais da natureza.
Soma-se aos benefícios da redução
do lixo e desoneração dos recursos naturais o fato de o processo de reciclagem
ajudar a movimentar a economia, pois empresas especializadas nesse processo
passam a atuar, gerando, inclusive, mais emprego e renda. Um exemplo também é a
formação de cooperativas de reciclagem, como a dos catadores de papel, que,
embora trabalhem quase sempre em regime informal de trabalho, conseguem
adquirir uma renda para sustentar suas famílias.
O que pode ser reciclado?
- Papel
Os papéis podem ser classificados
da seguinte maneira:
- papéis de escrever- cadernos,
papéis de escritório em geral;
- papéis de impressão – jornais,
revistas;
- papéis de embalagem – papéis de
embrulho em geral, papel de seda, etc.;
- papéis para fins sanitários –
papéis higiênicos, papel toalha, guardanapos, lenços de papel;
- cartões e cartolinas -caixas de
papelão e cartolinas em geral;
- papéis especiais – papel kraft,
papel heliográfico, papel filtrante, papel de desenho.
NÃO SERVEM PARA RECICLAR:
- papel vegetal;
- papel celofane;
- papéis encerados ou impregnados
com substâncias impermeáveis;
- papel-carbono;
- papéis sanitários usados;
- papéis sujos, engordurados ou
contaminados com alguma substância nociva à saúde;
- papéis revestidos com algum
tipo de parafina ou silicone;
- fotografias;
- fitas adesivas e etiquetas
adesivas.
Os papéis recobertos com outro
tipo de material, como o plástico (papéis plastificados) ou alumínio (papéis
laminados) são de difícil reaproveitamento, portanto são também considerados
não-recicláveis. Um caso distinto, com relação a papéis em várias camadas, é o
das embalagens cartonadas tipo longa vida, cujo material é formado por três
tipos diferentes de matérias-primas (papel, alumínio e plástico). Sua
reciclagem é possível, porém dificultada pela existência de poucas plantas
industriais que atuam no reprocessamento e pelas condições impostas por essas
empresas para sua coleta (exige-se que o material esteja limpo, prensado e em
grande tonelagem).
A reciclagem do papel apresenta
muitas vantagens, como a preservação de recursos naturais, economia de água e
energia e menor custo da matéria-prima. A manutenção das florestas naturais,
com a redução de áreas reservadas ao plantio de espécies próprias para a
produção de papel é um importante fator de manutenção do equilíbrio ecológico
do planeta e redução dos poluentes atmosféricos. Por outro lado, a qualidade do
papel produzido com aparas é inferior à do material produzido com matéria-prima
virgem, desvantagem que tem sido paulatinamente solucionada, por conta das
inovações tecnológicas.
O Brasil reciclou, no ano de
1998, cerca de 35% do papel existente. Considerando-se que uma parcela do papel
não é mesmo reciclável e que parte desse material é utilizado para fins não
descartáveis (como livros e documentos, por exemplo), essa porcentagem é muito
significativa.
O papel é um material de fácil
encaminhamento para reciclagem, quando segregado em programas de coleta
seletiva, pois tem sido sempre possível encontrar um catador autônomo, uma
instituição beneficente ou mesmo um sucateiro interessado em retirá-lo. Isso se
deve ao interesse econômico da indústria produtora de papel em absorver todo o
material coletado, pois a adição de aparas reduz sensivelmente o custo de
produção.
O papel apresenta também a
possibilidade de reciclagem artesanal, em pequenas oficinas, processo que não
exige equipamentos caros nem complexos e pode funcionar como uma laborterapia.
Por esse motivo, existem atualmente muitos grupos, principalmente ligados a
entidades de auxílio a populações carentes, deficientes físicos ou com
problemas mentais, produzindo artigos de papelaria feitos artesanalmente, o que
resulta em uma importante fonte de recursos econômicos e de emprego para esses
indivíduos.
- Plásticos
O plástico é um material
proveniente de resinas geralmente sintéticas e derivadas do petróleo.
Ambientalmente o uso do plástico é considerado problemático pela sua alta
durabilidade (estima-se que a degradação natural do plástico necessita de
muitos séculos para ocorrer) e grande volume na composição total do lixo (que
vem aumentando assustadoramente).
No município de São Paulo, os
plásticos são o segundo elemento mais encontrado no lixo , correspondendo a 23%
do peso total dos resíduos encaminhados para os aterros sanitários, o que
significa uma parcela muito importante, considerando-se que o plástico é um
elemento extremamente leve e de grande volume.
O consumo de plásticos
praticamente dobrou no Brasil, em apenas 7 anos (1991-1998).
Quando depositados em lixões, os
plásticos apresentam risco pela queima indevida e sem controle, que pode
resultar em emanações tóxicas na atmosfera. Quando colocado em aterros
sanitários, esse material dificulta a compactação do material e prejudica a
decomposição dos elementos biologicamente degradáveis.
A reciclagem do plástico é
dificultada pela existência de inúmeros tipos diferentes de resinas plásticas
que são incompatíveis entre si e não podem ser misturadas no processo de
reciclagem, sob pena de perderem suas qualidades de flexibilidade, resistência
ou transparência, entre outras. Por esse motivo, os recicladores de plásticos
utilizam-se quase que exclusivamente de matéria-prima advinda de resíduos
industriais, pois esse tipo de resíduo é normalmente constituído por um só tipo
de resina e não apresenta sujeira ou contaminação.
O lixo doméstico é formado por
todo tipo de resinas plásticas, uma vez que as embalagens e artigos descartados
são produzidos com a resina que mais se adequa às suas necessidades específicas
de cada produto. Outro elemento complicador para a reciclagem do plástico é o
fato de que é muito difícil reconhecer os diferentes tipos de resinas plásticas
a olho nu, impossibilitando a separação dos resíduos por leigos. Acrescentem-se
a esses fatores o custo muito baixo da matéria-prima virgem e a carga de
impostos (que recai em dobro sobre o material a ser reciclado, em comparação
com a resina virgem) e o resultado é o seguinte: é quase impossível encaminhar
para reciclagem os plásticos separados, pois há pouco interesse econômico da
indústria em coletá-los e adquirí-los.
Se você quer reciclar seus
plásticos, verifique antes ONDE vai levá-los e SE o local aceita todos os tipos
de plástico ou só alguns. Não vale a pena separar todo seu plástico e depois
acabar enviando tudo para o lixo normal, não é mesmo?
Plásticos recicláveis:
- todos os tipos de embalagens de
xampus, detergentes, refrigerantes e outros produtos domésticos;
- tampas plásticas de recipientes
de outros materiais;
- embalagens de plástico de ovos,
frutas e legumes;
- utensílios plásticos usados,
como canetas esferográficas, escovas de dentes, baldes, artigos de cozinha,
etc.
Plásticos não-recicláveis:
- plásticos (tecnicamente
conhecidos como termofixos), usados na indústria eletro-eletrônica e na
produção de alguns computadores, telefones e eletrodomésticos;
- plásticos tipo celofane;
- embalagens plásticas
metalizadas, por exemplo, de alguns salgadinhos;
- Vidro
O vidro é um material proveniente
basicamente de matérias-primas como areia, barrilha, calcário e feldspato. É
utilizado para a produção de embalagens, vasilhames, vidros planos lisos (
vidro de janelas), cristais, panelas, lâmpadas, miolo de garrafas térmicas e
muitos outros artigos.
O vidro apresenta a vantagem de
poder ser reutilizado, pois possibilita sua esterilização, com alto grau de
segurança. O uso de embalagens de vidro reutilizáveis foi uma prática
ambientalmente adequada muito difundida até poucos anos atrás, quando começou a
ser substituída pelas embalagens plásticas ou mesmo de vidro, porém descartáveis.
NÃO SÃO RECICLÁVEIS:
- espelhos;
- vidros de janelas;
- vidros de automóveis;
- lâmpadas,
- tubos de televisão e válvulas;
- ampolas de medicamentos,
- cristal;
- vidros temperados planos ou de
utensílios domésticos .
Os demais vidros são 100% recicláveis,
isto é, os cacos de uma garrafa podem transformar-se em outra garrafa nova
igual, sem perda de material.
SÃO RECICLÁVEIS:
Todos os vidros, exceto os
descritos acima. Exemplo:
- garrafas de bebida alcoólica e
não-alcoólica;
frascos em geral ( molhos,
condimentos, remédios, perfumes, produtos de limpeza);
- potes de produtos alimentícios;
- cacos de qualquer dos produtos
acima.
Na prática, a reciclagem do vidro
é restrita devido ao pouco interesse econômico demonstrado pela indústria
vidreira em adquirir os vidros descartados. As exigências para coleta do vidro
são muitas (exige-se a armazenagem de um volume muito grande para retirada) e o
preço de comercialização é muito baixo.
O desinteresse econômico na
coleta de vidros para reciclagem é difícil de ser compreendido, se levarmos em
conta que a inclusão do caco na produção reduz sensivelmente os custos ,
exigindo menor uso de óleo combustível e eletricidade, sem contar as vantagens
ambientais da redução da retirada de matérias-primas da natureza, redução na
emissão de gases na atmosfera, economia de espaço nos aterros.
Se você quer reciclar seus
vidros, tente contatar um catador que passe por sua rua, ou então consulte as
nossas listas: é possível vender seus vidros, se você puder levar até uma
companhia vidreira ou a postos de troca da SPAL-PANAMCO.
- Metais
Os metais são classificados em
dois grandes grupos: os ferrosos (basicamente ferro e aço) e os não-ferrosos
(alumínio, cobre, chumbo, etc.). Os metais mais presentes no lixo domiciliar
são aqueles utilizados para embalagens de produtos alimentícios e tampas de
recipientes de vidro. Em menor quantidade encontram-se outros produtos de uso
doméstico, como panelas, esquadrias, restos de equipamentos de cozinha, etc.
As embalagens metálicas de
produtos destinados ao consumo doméstico dividem-se em dois tipos principais:
- Lixo orgânico
A reciclagem tanto pode ser
aplicada aos resíduos já citados quanto aos resíduos orgânicos (restos de
frutas, legumes, alimentos em geral, folhas , grama, gravetos, etc.), desde que
esse lixo seja processado, de maneira a serem transformados em adubo orgânico.
Essa transformação chama-se compostagem.
O resultado final da compostagem
pode ser adicionado ao solo para melhorar suas características, sem oferecer
ameaça para o meio ambiente, como acontece com os adubos químicos. A
compostagem de resíduos orgânicos pode vir a ter grande importância na redução
do volume do lixo do país, pois a parte orgânica constitui-se habitualmente na
maior parcela na composição dos resíduos domiciliares municipais (cerca de 62%,
em média) .
É possível reciclar o lixo
orgânico em quintais, escolas, empresas e até em apartamentos. Entre em contato
com o GEA através do telefone ou e.mail, para saber mais detalhes. O resultado
da compostagem é um adubo com grande capacidade de reposição de sais minerais e
vitaminas, que certamente vai ajudar suas plantas, jardins e hortas a ficarem
mais fortes e bonitos.
- Lâmpadas de mercúrio
As lâmpadas que emitem gases,
como as lâmpadas de vapor de mercúrio, de vapor de sódio, de luz mista e as
lâmpadas fluorescentes (mais conhecida como luz “fria”) contém substâncias
nocivas ao meio ambiente, como metais pesados, onde se sobressai o mercúrio
metálico.
Enquanto estão inteiras, as
lâmpadas não oferecem riscos, mas quando quebradas liberam o mercúrio na
atmosfera, podendo causar problemas na saúde dos seres humanos (quando ingerido
ou inalado, o mercúrio ataca o sistema nervoso, podendo causar de lesões leves
até a vida vegetativa ou a morte). O mercúrio liberado pelas lâmpadas
fluorescentes podem causar graves problemas ambientais, contaminando o solo e a
água.
Existem várias empresas no Brasil
que reciclam essas lâmpadas, separando os componentes metálicos, o vidro e o
mercúrio, para encaminhamento ao mercado. Entretanto esse processo é mais caro
que o valor dos produtos obtidos, portanto as empresas exigem pagamento para
desenvolvê-lo, e é preciso ter uma quantidade significativa (pelo menos 100
lâmpadas). Você pode também levar suas lâmpadas fluorescentes que não funcionam
mais às lojas da LEROY MERLIN (em São Paulo). O serviço é cobrado, mas você
pode até levar apenas uma unidade.
Conselho: no ambiente
doméstico deve ser tomado todo o cuidado para que a lâmpada não se quebre e, se
isso ocorrer, evitar respirar próximo à lâmpada. Se possível, guarde as caixas
de papelão da embalagem para recolocá-las de volta, no momento do descarte.
Empresas e outros locais onde o
descarte de lâmpadas fluorescentes é muito grande deveriam enviá-las para
reciclagem, embora arcando com os custos dessa atitude em benefício do meio
ambiente.
- Pilhas e baterias
Atualmente existem poucos locais
que realmente enviam as pilhas para reciclagem, precisamos tomar muito cuidado,
pois somente a presença de um coletor ou lixeira especial não quer dizer que as
pilhas estejam sendo recicladas.
A reciclagem das pilhas (ao
contrário dos outros materiais) é cara e não tem retorno financeiro, por isso
são poucas as empresas que pagam por esse serviço.
Clicando nas imagens abaixo são
abertas janelas novas com informações dos programas de coleta de pilhas da
Drogaria São Paulo e do Banco Real-Santander.
- Outros materiais
Entulho
Entulho é o resíduo resultante
das atividades relacionadas à construção civil, constituído por fragmentos ou
restos de tijolos, argamassa, aço, madeira, azulejos, etc.
O entulho forma uma parcela
importante na composição do lixo das cidades. No município de São Paulo são
geradas diariamente 4.000 toneladas, segundo dados do LIMPURB (IPT/CEMPRE,
2000). Esse volume, entretanto, pode ser na realidade muito maior, pois grande
parte desses resíduos é coletado clandestinamente e disposto em terrenos
baldios, vias públicas, margens de rios, etc., causando graves problemas
ambientais.
O entulho pode ser transformado,
através da reciclagem, em um produto a ser utilizado na pavimentação de
estradas, construção de guias e sarjetas, obras de drenagem, calçadas ou outros
usos próprios da construção civil.
A reciclagem do entulho, como dos
demais materiais, exige participação da população (para que não haja
contaminação do material inerte com resíduos orgânicos, por exemplo) e coleta
diferenciada.
Atualmente na cidade de São Paulo
existem os Ecopontos, locais construídos pela prefeitura onde a população pode
levar móveis velhos, restos de poda e de construção civil para serem reciclados
ou aproveitados. O limite por pessoa é de 1 metro cúbico por dia (o que
equivale a uma caixa-d´água de 1000 litros), para conferir o local mais próximo
de sua casa acesse o site da prefeitura (www.prefeitura.sp.gov.br).
Pneus
Os pneus causam problemas quando
descartados e misturados ao lixo comum, pois não podem ser colocados em aterros
sanitários, uma vez que tendem a subir e sair à superfície. Os pneus, por não
serem recolhidos pela coleta municipal, costumam ser dispostos inadequadamente
pela população, assoreando rios e lagos e constituindo-se em focos de incêndios
ou proliferação de insetos transmissores de doenças.
Há diversas possibilidades de
reciclagem de pneus, como por exemplo para transformação em produto para
pavimentação de estradas ou para utilização como combustível na geração de
energia. É possível também sua reutilização na engenharia civil, para a
construção de quebra-mares, barreiras de contenção ou acostamento de estradas.
No Brasil, entretanto, a reutilização desse material é muito limitada e a
reciclagem praticamente inexiste A utilização dos pneus como combustível para
queima em fornos de cimento está sendo experimentada, embora em pequena escala.
Fonte: Instituto Gea



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