Um novo relatório do Fórum Econômico Mundial descreve como um novo modelo de crescimento no Cerrado poderia gerar US$ 72 bilhões (cerca de R$ 360 bilhões) para a economia do Brasil, equilibrando as medidas de proteção ambiental e, ao mesmo tempo, impulsionando a produção sustentável de alimentos, além de aumentar o emprego e o turismo e explorar as indústrias verdes.
O Cerrado, aponta o Fórum
Econômico Mundial, é um celeiro global, responsável por 60% da produção
agrícola do Brasil e 22% das exportações globais de soja, mas recebe
significativamente menos atenção e proteção legal do que a Floresta Amazônica –
no ano passado, lembra a instituição, foi registrado um aumento de 43% no
desmatamento no Cerrado, em comparação com uma queda de 50% na Amazônia,
segundo dados do governo.
O desmatamento para a produção agrícola já destruiu metade da vegetação nativa do Cerrado e, se as tendências atuais continuarem, os ecossistemas dos quais depende o comércio de soja, gado, cana-de-açúcar e milho no Brasil sofrerão, aponta o relatório "O Cerrado: Produção e Proteção", causando escassez de alimentos em todo o mundo e danos econômicos extensos.
"O Cerrado é a maior e mais
biodiversa savana do mundo, o que o torna um dos ecossistemas mais importantes
do nosso planeta – e ainda assim recebe pouca atenção e menos proteção legal do
que necessita. Isto resultou em uma degradação e exploração significativa dos
solos, o que representa uma grande ameaça aos sistemas alimentares dos quais
dependem bilhões de pessoas em todo o mundo", destaca Jack Hurd, diretor
executivo da Tropical Forest Alliance, rede que reúne parceiros em torno do
objetivo comum de implementar soluções para combater o desmatamento resultante
de atividades comerciais em áreas de floresta tropical.
"A agricultura no Cerrado é
um sucesso extraordinário, ajudando a alimentar bilhões de pessoas em todo o
mundo. À medida que o setor se torna mais robusto, muitas pessoas no Brasil,
incluindo agricultores, acreditam que é o momento certo para abordar e
minimizar o seu impacto no meio ambiente, para garantir a sustentabilidade
desta riqueza para as próximas gerações. Este documento defende uma abordagem
equilibrada à produção agrícola na região, o que impulsionaria a segurança
alimentar e o crescimento econômico, ao mesmo tempo que protegeria o Cerrado
nativo e muitos meios de subsistência", completa Joaquim Levy, diretor de
Estratégia Econômica do Banco Safra.
Com os olhos do mundo voltados
para o Brasil enquanto o país se prepara para a Cúpula do G20 e a 30ª
Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), o país está bem
posicionado para figurar como um líder climático, destacando uma nova abordagem
equilibrada que apoia o setor agrícola, crítico para o país, mas salvaguardando
ao mesmo tempo o Cerrado.
“O Cerrado deve estar no centro
da transformação global dos sistemas alimentares e da produção de energia, bem
como das estratégias e tecnologias de conservação da natureza. Esta não será
uma tarefa simples, mas ao conscientizar sobre a importância do bioma e a
conexão entre produção e proteção, este artigo nos colocará no caminho para um
Cerrado mais sustentável", aponta Patricia Ellen da Silva, sócia e chefe
do escritório no Brasil da Systemiq.
"O Cerrado: Produção e
Proteção", desenvolvido pela iniciativa Tropical Forest Alliance do Fórum
Econômico Mundial em colaboração com a Systemiq, identificou que US$ 72 bilhões
poderiam ser adicionados ao PIB do Brasil a cada ano até 2030, com base em uma
análise dos números do Plano de Transformação Ecológica do Brasil, por
restaurar terras degradadas e aumentar a quantidade de áreas protegidas no
Cerrado.
Fonte: Um Só Planeta.

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