Ciclovias são tal qual um braço
das ruas. Nas calçadas, você pode esbarrar em cabideiros repletos de roupas
usadas à venda, sem que ninguém os proteja de possíveis ladrões. E, depois de
tomar algumas cervejas com amigos, recuperar parte do dinheiro gasto devolvendo
as latas no supermercado. Na Dinamarca é assim.
O país nórdico é, de acordo com o Índice de Desempenho Ambiental elaborado pelas universidades Columbia e Yale, o mais sustentável do planeta. No Índice Global de Resíduos de 2022, apenas a Coreia do Sul está à sua frente. É, também, o terceiro no Relatório de Desenvolvimento Sustentável 2023 da ONU.
Em 2019, o Parlamento dinamarquês
comprometeu-se a reduzir em 70%, até 2030, as emissões de CO2 do país
registradas em 1990. A ambição é alcançar a neutralidade climática até 2050.
É comum escutar aqui que os
melhores amigos dos dinamarqueses são suas bicicletas — nove em cada dez
pessoas no país possuem uma. As cidades são conectadas, na prática, por
ciclovias. E, em janeiro do ano passado — 2022 foi batizado de “O ano da
bicicleta” — o Ministério dos Transportes anunciou investimentos de US$ 458
milhões em infraestrutura para mobilidade urbana.
Na capital dinamarquesa,
mundialmente reconhecida como uma das cidades mais amigáveis a ciclistas, 35%
da população se locomoveu de bicicleta para o trabalho ou para a escola em
2021. Em Aarhus, segunda maior cidade do país, a estátua “Homem com bicicleta”
retrata o ex-prefeito Steffen Jensen (1958-1971), conhecido por sua oposição ao
uso de carros. Ao redor da estação ferroviária, o estacionamento tem centenas
de bikes.
Em 2022, a Dinamarca bateu seu
recorde de reciclagem de garrafas e latas graças ao “sistema Pant”. Foram mais
de 2 bilhões de unidades devolvidas, aumento de 3,9% frente ao ano anterior.
O sistema, implantado em 2002,
funciona assim: quem vive na Dinamarca paga um pequeno depósito cada vez que
compra uma garrafa ou lata marcada com o nome “Pant” (“depósito” em
dinamarquês). Se pagar 4 coroas (DKK) por lata de cerveja, 1 DKK é pelo depósito.
Ao devolvê-la, recebe-se o depósito de volta.
O mercado de roupas de segunda
mão também impressiona na Dinamarca. As pessoas deixam cabideiros com roupas
nas calçadas, seus preços e o número de telefone para o qual os compradores
devem enviar o dinheiro, similar ao PIX, tudo na base da confiança.
A advogada Lone Luau vende roupas
usadas há 20 anos e tem seu cabideiro ao lado de um ponto de ônibus em Aarhus.
Ela iniciou a prática quando era estudante e hoje é ajudada pelas filhas.
Tanto a reciclagem de latas como
a venda de roupas usadas significam menos lixo.
Fonte: Folha de Pernambuco.

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