Matéria-prima 100% nacional, biodegradável, renovável e de baixo custo. Essa é a composição da prótese de bambu desenvolvida por um pesquisador de Bauru, no interior de São Paulo, para atender pessoas que sofreram amputações de ossos da parte inferior da perna.
Doutor em design pela Faculdade
de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design da Unesp (Universidade Estadual
Paulista), João Victor Gomes dos Santos, 32 anos, vem se dedicando à criação do
produto há pelo menos sete anos, quando ainda estava na graduação.
A peça com material alternativo deve chegar ao mercado no ano que vem, custando cerca de 30% do valor de uma prótese convencional, fabricada com fibra de carbono.
Apelidado de Protebam, o produto
desenvolvido por Santos tem o custo estimado em R$ 500, podendo ser
comercializado por cerca de R$ 1,5 mil. As próteses de fibra de carbono, por
sua vez, apresentam preços que partem de R$ 5 mil. Apesar da diferença nos valores,
o pesquisador explica que a matéria-prima usada na Protebam —a fibra de bambu
laminada— apresenta propriedades semelhantes às da fibra de carbono, como
resistência, elasticidade e leveza.
O produto é uma opção para
pacientes amputados sem condições financeiras para comprar uma prótese
convencional ou esperar pelas peças oferecidas pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), cuja entrega pode passar de dois anos.
Uma jornada de pesquisa
O designer se interessou pela
possibilidade de desenvolver o produto depois de assistir, em 2016, a uma
reportagem sobre um pedreiro que improvisou uma prótese com canos de PVC. Na
época, Santos já estudava sobre o bambu por meio de um projeto da Unesp e se
lançou ao desafio de contribuir com a área das próteses para membros inferiores.
Descobriu, então, que não havia
produção de próteses no Brasil nem legislação sobre uma possível fabricação no
país. Mesmo assim, chegou a um protótipo como produto de seu trabalho de
conclusão de curso (TCC).
A pesquisa com o bambu, no
entanto, o acompanhou nos anos seguintes. Santos inscreveu o projeto em um
concurso da Agência Unesp de Inovação e, com o dinheiro obtido, patenteou a
tecnologia. Produziu três peças para testes em laboratório, considerando normativas
internacionais.
Era o início de uma jornada em
busca de uma solução barata e sustentável. "No mestrado, demonstrei o
potencial mecânico, que a prótese realmente é resistente. No doutorado,
consegui trabalhar com três participantes, além de fisioterapeutas e ortopedistas.
Foi o suficiente para captar a biodinâmica da prótese. Os feedbacks foram muito
positivos", conta.
Assim como as próteses de fibra
de carbono, a Protebam deve ser comercializada com três componentes principais
- pé, cilindro e encaixe, feitos por meio de uma combinação de fibra de bambu
com resina de mamona. "Nós conseguimos produzir o pé e o cilindro, sendo o
encaixe feito manualmente por um protesista porque cada paciente precisa de um
encaixe de acordo com o formato do membro residual", observa o pesquisador.
Fonte: Ecoa Uol.

0 Comentários