De jeans a tênis recicláveis, indústria da moda passa por transformação para ser mais sustentável.

O jeans é um tecido universal, usado por quase todo mundo, e carregado de simbolismos dentro do universo da moda. E, ao olhar bem para ele, se percebe aqueles pequenos botões de metal em alguns pontos estratégicos da peça para reforçá-la. Os mesmos que dificultam, por exemplo, a reciclagem do tecido. Impossível tecer a velha e boa calça jeans sem os metais? Parece que não.


Um projeto mundial coordenado pela Fundação Ellen MacArthur desafiou os grandes fabricantes de jeans a provar que a reutilização e reciclagem das peças eram possíveis. No início de 2019, 72 grandes corporações transnacionais toparam o desafio. Em 31 de maio de 2021, mesmo com o projeto sendo atravessado pela pandemia, surgiram os primeiros resultados. Mais de 500 mil peças de jeans foram colocadas no mercado, seguindo o conjunto de princípios estabelecidos no programa. E 65% das marcas conseguiram fazer peças de qualidade, e reforçadas, sem os botões de metal.

"A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo e, por isso, nos últimos anos, passou por um processo importante de reformulação que caminha na direção da economia circular, apesar de ainda ter muita coisa para ser feita", afirma Luisa Santiago, diretora da Fundação Ellen MacArthur na América Latina.

Em linhas gerais, segundo a especialista, o modelo de negócio do setor têxtil, inclusive no Brasil, passou a ter uma preocupação não apenas com a reciclagem e a reutilização dos produtos. Mas também com a menor toxicidade das suas linhas de produção e com os insumos que são utilizados nos tecidos, como o algodão.

A filosofia por trás da economia circular é simples. Sai o modelo econômico onde extrair, produzir e desperdiçar é a lógica e entra um outro, baseado até na retroalimentação que existe no mundo natural, como o ciclo da chuva, por exemplo. Conforme define os princípios da Fundação Ellen MacArthur, uma organização fundada no Reino Unido, a "economia circular é uma alternativa atraente que busca redefinir a noção de crescimento, com foco em benefícios para toda a sociedade. Isto envolve dissociar a atividade econômica do consumo de recursos finitos, e eliminar resíduos do sistema por princípio. Apoiada por uma transição para fontes de energia renovável, o modelo circular constrói um capital econômico, natural e social".

Outros conceitos derivados da economia circular, como o aluguel de peças para serem usadas mais de uma vez ou a compra e venda de produtos usados em espécies de brechós 2.0 também passaram a fazer parte do cardápio dos grandes grupos. Há dois anos, por exemplo, a Arezzo, além de incorporar o Grupo Reserva, também adquiriu a TROC - plataforma online de artigos de segunda mão, que opera no segmento AB no Brasil. De acordo com o CEO do grupo, Alexandre Birman, ao investir na economia circular o grupo deu um passo importante para fortalecer sua visão de sustentabilidade.


Fonte: Terra.

Postar um comentário

0 Comentários