Entenda o que é micélio, a rede de fungos que pode ajudar na sustentabilidade planetária

O sistema alimentar global está em crise, de acordo com o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), à medida que as mudanças climáticas começam a afetar a produção de alimentos e a produção agrícola contribui para as mudanças climáticas. A ONU (Organização das Nações Unidas) também alerta que há desafios crescentes em torno da “biodiversidade e produtividade do solo, levando a um rápido declínio de sua saúde, filtragem da água, sequestro de CO2 e outras funções do ecossistema”. Um dos problemas é a falta de conhecimento sobre a saúde do solo. Mas um novo financiamento para a SPUN (Sociedade para a Proteção de Redes Subterrâneas) seria bem-vindo para mudar essa realidade.

Enquanto o mundo está despertando para a importância dos ecossistemas e da saúde do solo, um dos blocos de construção mais fundamentais do solo, a rede de fungos, praticamente tem sido ignorada até hoje. Sua destruição, no entanto, acelera as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e interrompe os ciclos globais de nutrientes. Isso, por sua vez, tem impacto na produtividade, como tem mostrado reportagens recentes nas mais variadas mídias, com foco no aumento do custo dos fertilizantes devido ao custo do gás natural.

Encontrar novas maneiras de manter o ciclo de nutrientes será essencial para reduzir as emissões da agricultura. Décadas de fertilizantes químicos nos solos resultaram em uma relação disfuncional entre plantas e fungos. No entanto, as redes de fungos podem diminuir a lixiviação de nutrientes no solo em 50%, além de contribuir com até 80% do suprimento de fósforo de uma planta.

As tendências atuais das pesquisas sugerem que mais de 90% do solo da Terra estará degradado até 2050, portanto, proteger o subsolo da expansão das terras agrícolas pode ser um ponto crítico dessa jornada. A SPUN sugere que tal proteção poderia reduzir a liberação de 41 bilhões de toneladas de CO2 dos estoques do solo nos próximos 30 anos, o equivalente a 8 vezes as emissões anuais de CO2 dos EUA.

Os micélios dos fungos, ou redes fúngicas, têm sido objeto de fascínio de muitas formas diferentes. Os ecologistas se perguntam se eles atuam como uma forma rudimentar de comunicação entre árvores e plantas. O fungo está sendo explorado como fonte de material novo e sustentável. Até mesmo o tamanho das redes fúngicas é difícil de compreender – globalmente, o comprimento total do micélio fúngico nos dez centímetros superiores do solo foi estimado em mais de 450 quatrilhões de quilômetros – ou cerca de metade da largura da Via Láctea.

Atualmente, as redes de fungos enfrentam um futuro incerto porque não fazem parte da discussão sobre mudanças climáticas e agricultura. Sua perda – impulsionada pela poluição, urbanização, expansão agrícola e desmatamento – é em grande parte não documentada e invisível. No entanto, eles são uma parte crítica da vida na Terra. Globalmente, aproximadamente 75% do carbono terrestre está no solo, o que é até três vezes mais do que a quantidade armazenada em plantas e animais vivos.

Isso também significa que as redes de fungos também podem desempenhar um papel importante em nossa compreensão dos sumidouros de carbono. Supõe-se amplamente que as florestas tropicais detêm a maior parte do carbono terrestre da Terra, mas os ecossistemas subterrâneos de alta latitude podem conter muito mais carbono.


Fonte: Forbes.

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