Economia compartilhada é realmente mais sustentável?

Você já ouviu falar do termo economia compartilhada? E você sabe o que ele significa? Economia compartilhada é um sistema social e econômico baseado no compartilhamento de recursos humanos, físicos ou intelectuais. Ou, em um linguajar mais técnico, é um modelo de uso racional de recursos que permite maior acessibilidade aos ativos, redução drástica de custos, novos padrões de escala e o consumo responsável.



Alguns exemplos de economia compartilhada atualmente são o financiamento coletivo de projetos de investimento, espaços colaborativos de moradia e trabalho (como o Airbnb) e o uso compartilhado de meios de transportes, entre outros. De acordo com especialistas, essa forma de negócio tem funcionado bastante na prática pelas mudanças no padrão de consumo, fazendo com que os consumidores valorizem cada vez menos a posse de coisas e cada vez mais a experiência na utilização de produtos e serviços.

Mas será que essa forma de consumo é realmente mais sustentável, mais acessível e menos centralizadora? Muitos acreditam que ela representa um avanço do ponto de vista sustentável e social por envolver a busca por soluções focadas na necessidade e não apenas no consumo. Por outro lado, alguns dizem que a economia compartilhada representa apenas mais uma forma de fortalecer o capitalismo desenfreado.

Os defensores da economia compartilhada acreditam que ela é positiva por proporcionar uma mudança de comportamento, já que se passa a consumir apenas o necessário — contribuindo para a utilização dos recursos do planeta de forma mais consciente. Assim, em vez de comprar um carro, por exemplo, a pessoa vai alugá-lo por dias específicos ou pagar apenas pelas corridas feitas com carros de aplicativos. Com isso, também se reduz o desperdício.

 Trazendo questões como o poder de compra e a renda, alguns especialistas apontam que há uma aplicação errada do termo economia compartilhada. A expressão pode levar à compreensão equivocada de que é um sinônimo de economia solidária — esta, sim, capaz de combater a desigualdade e o desperdício. Assim, a periferia pode se beneficiar de uma economia solidária, mas não do compartilhamento como apresentado nesse modelo que mantém o lucro e o consumo como elementos centrais. Nas relações humanas da periferia já existe economia solidária (no compartilhamento do café com vizinhos ou no cuidado compartilhado das crianças, por exemplo) com vocação para o bem viver, muito mais potente do que esse movimento criado no século atual.

A chamada economia compartilhada já congrega empresas como Uber, Airbnb, Spotify, Facebook, Amazon e Netflix. Ou seja, é fácil perceber que entre elas estão as que mais produzem o lucro e o enriquecimento de poucas pessoas na atualidade. Muitos argumentam que esse modelo de negócio não é positivo para a sociedade como um todo, pois é fundado no capitalismo e em suas bases individualistas. Para que pequenos empreendedores possam se beneficiar desse sistema é necessário que o mercado, o Estado e a sociedade civil invistam no bem viver como um todo. Para avançar coletivamente, as pessoas não podem passar fome, precisam ter onde morar e não podem ser impedidas de viver o espaço público.


Fonte: Ecoa. 

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