Mãe e filha, proprietárias de um salão de beleza, decidiram apostar
na sustentabilidade total do negócio. Todo salão é muito poluente, mas elas
mostram que é possível descartar todos os resíduos de maneira responsável.
O que move o mundo da beleza pode deixar a natureza mais
suja. Coloração para cabelo e esmalte para as unhas, por exemplo, se
transformam em resíduos poluentes.
Ruchelle Crepaldi é sócia no salão de beleza e diz que
começou a pensar como poderia descartar e minimizar o impacto da empresa no
meio ambiente. A preocupação dela começou em 2014 e aumentou com a ajuda do
empresário Márcio Mattana, que cuida da gestão de resíduos gerados no mercado
da beleza.
“São resíduos classificados como perigosos. O conceito da
empresa é um trabalho sócio ambiental e educacional. A ideia é fazer com que os
profissionais desses salões entendam os riscos que esses materiais geram sendo
destinados de forma inadequada”, explica Márcio.
Para ajudar o meio ambiente, Ruchelle fez várias mudanças no
salão: “Antes, a coloração, o pó descolorante e tudo o que sobrava na cumbuca
era descartado no lavatório e ia pra rede de esgoto comum. A gente poluía ainda
mais. Hoje, a gente coloca em um recipiente, um coletor separado, pra descarte
correto desse material”.
Todo o cabelo cortado passa por esse cano de PVC e é
concentrado em um único coletor. Dali, ele vai ser transformado em um novo
produto. “A ideia é deixar o cabelo em micropartículas pra fazer dele uma manta
de contenção pra vazamento de petróleo no mar”, explica Ruchelle.
Márcio explica como funciona essa ação: “Vamos criar um
equipamento que vai micronizar esse cabelo e vamos criar essa manta pra
acidentes ambientais aqui no Brasil."
"A gente tem uma cisterna há algum tempo e ela serve
pra coletar a água da chuva e a gente usa essa água pra limpeza geral do
salão”, conta Ruchelle.
Até o resíduo orgânico, dos restos de comida da equipe,
agora também tem um destino mais limpo, que é uma composteira própria do salão.
As clientes viraram aliadas do projeto e foi criado um
programa de recompensas: as embalagens usadas viram serviços. “As embalagens
que você não sabe o que fazer, que você pensa: 'o que eu faço com isso?'. Essa
você pode trazer", explica a empresária Rafaella Crepaldi.
O passo seguinte foi espalhar pra vizinhança a importância
do projeto. O bartender Rogério Tarantino trabalha em um bar e leva o lixo para
o ecoponto do salão, aberto a todos os comerciantes do bairro: “Um resíduo de
estabelecimento comercial geralmente é diferente de uma residência, que tem
outro fluxo de lixo. Por isso, eu acho que é importante todos os
estabelecimentos terem essa prática”.
O salão tem um bom resultado: 98% de todo o lixo são
descartados de forma limpa e sustentável. A proprietária agora se dedica a levar o
exemplo para frente: “Isso não pode ser uma moeda de marketing. Isso é
conhecimento e um salão que tem esse conhecimento tem que repassar para os
outros”.
Quarenta e oito salões de beleza já fazem parte do projeto
da empresa de coleta de resíduos do setor. Só no ano passado, foram recolhidas
39 toneladas de resíduos.
Fonte: PEGN

