Na última década, o número de carros e motos circulando no
Brasil teve um aumento de aproximadamente 400%, algo que deixa claro que é
inviável que todas as pessoas tenham um veículo automotor .
O trânsito está sobrecarregado em quase todas as grandes
cidades do Brasil e a queima de combustíveis fósseis, que alimenta a maioria
dos veículos, polui o ar, gerando também um potencial problema ambiental .
Boas alternativas de mobilidade urbana são essenciais para a
qualidade de vida nas cidades, tanto que esse é um dos focos dos 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030, iniciativa com a
qual o Brasil se comprometeu, junto com outros 192 países.
Em todo o mundo, gestores públicos e empresários começaram a
compreender que as cidades precisam de novas formas de locomoção e que essas
soluções precisam ser sustentáveis, ou seja, que atendam às necessidades
atuais, sem comprometer o planeta e o futuro das próximas gerações. Foi neste momento que começaram a surgir as ciclovias, os
sistemas de aluguéis de bicicletas e patinetes e os aplicativos de corrida
compartilhada. Além disso, começamos a ver mais gente escolhendo se locomover
de formas alternativas, como patins ou skate.
O transporte público é outro que tem dado exemplo, com
investimentos em:
– Ciclovias;
– Corredores exclusivos;
– Trilhos: trens, VLTs e metrôs;
– Teleféricos;
– Ônibus movidos à energia elétrica.
No Brasil, temos iniciativas que estão no caminho da
sustentabilidade, como as caneletas exclusivas pelas quais trafegam, sem pegar
trânsito, os BRT (Bus Rapid Transit) de Curitiba. Os terminais integrados, por
onde os passageiros podem fazer a transferência entre os ônibus, valem um
destaque no sistema paranaense.
Grande parte da maior cidade do país, São Paulo, é atendida
por ciclovias e linhas de trem e metrô, por onde circulam mais de 4 milhões de
passageiros todos os dias. Também já circulam pela capital paulista ônibus
elétricos, movidos por cabos e é lá onde as bikes e patinetes são mais
populares em todo o país.
Em Fortaleza, está em funcionamento uma rede de
compartilhamento de carros elétricos, a VAMO (Veículos Alternativos para
Mobilidade). São cinco estações, com 20 carros elétricos ao todo, custeados por
patrocinadores e usuários. A capital do Ceará ainda estimula a circulação de
pedestres e o uso de bicicletas.
Inúmeras que operam esses sistemas têm a sustentabilidade
como parte de seu planejamento estratégico e, por isso, sempre estão buscando
soluções para diminuir o uso de combustíveis e o consumo de energia, por
exemplo.
Apesar de tantos bons exemplos, e citamos apenas alguns, a
implantação desses sistemas sustentáveis ainda enfrenta muitos desafios em
várias cidades brasileiras. Um dos mais importantes é convencer a população de
que essa mudança de hábitos é necessária e positiva.
Por aqui, o carro muitas vezes é visto como símbolo de
status e, por conta da baixa qualidade do transporte público em várias
localidades, virou o sonho de consumo de quase todo mundo.
Os brasileiros tendem a achar legal andar de metrô em outros
países, mas não gostam da ideia de fazer isso em suas rotinas diárias. Ainda se
fazem necessárias campanhas que desestimulem o uso de carros e incentivam o uso
de outros modais.
Os recursos financeiros são outro desafio. Os governos, em
especial as prefeituras, precisam gastar para viabilizar esses novos meios de
transporte. E nem todos estão em boas condições financeiras.
Uma alternativa que tem se mostrado eficaz é a parceria com
empresas do setor privado, que entram com o investimento e lucram com as
tarifas pagas pelos usuários. Em alguns casos, o governo não pode implantar o
sistema, mas pode subsidiar a tarifa, por exemplo.
Mas, mesmo quando as empresas resolvem investir nessas
alternativas e o que não faltam são iniciativas nesse sentido, o problema não
está resolvido. Novos veículos pedem regulação específica, como para limitar a
velocidade, por exemplo, e isso gera debates e entraves para a regulamentação
dessas empresas, sempre que elas chegam numa nova cidade.
Como se não bastasse a parte burocrática, o vandalismo e o
furto de soluções como patinetes e bikes em muitas cidades são outros fatores
que desestimulam o investimento. Já há casos em que a empresa desistiu e
retirou os veículos de circulação em algumas cidades brasileiras.
Falta, portanto, também conscientização.
O caminho é longo, mas cada vez mais pessoas estão se
atentando para o fato de que precisam adotar hábitos de vida mais ecológicos. O
futuro da mobilidade urbana será sustentável.
Fonte: Portal da Transformação.


