Imagine a seguinte cena: dois estudantes, no meio de uma conversa regada a cerveja em um dormitório de Munique, divagam sobre sustentabilidade e uma ideia ousada. Em vez de deixar que toneladas de resíduos de lúpulo se percam, por que não transformar esse material desperdiçado em algo útil e revolucionário? Nascia ali a HopfON, um projeto que prova que inovação e diversão podem andar de mãos dadas – com um toque bávaro, claro.
A ideia surgiu em 2022, quando
Mauricio Fleischer Acuña, Marlene Stechl e Thomas Rojas Sonderegger, alunos da
Universidade Técnica de Munique, decidiram investigar como os resíduos da
planta que dá alma às cervejas poderiam ser usados na construção civil. Eles
estavam inspirados por um case colombiano que utilizava fibras de banana para
criar materiais sustentáveis. Se a Colômbia conseguiu, por que não a Baviera –
terra dos melhores lúpulos do mundo?
E aí começa a aventura. Na
Hallertau, maior região produtora de lúpulo do planeta e orgulho da Alemanha, a
cada 1 kg de lúpulo usado na cerveja, impressionantes 3,5 kg de folhas, galhos
e caules viram desperdício. Alguns agricultores conseguem usar uma parte disso
como fertilizante ou enviar para plantas de biogás, mas a maior parte apodrece
e libera gases nocivos – isso quando não pega fogo.
É um problema que ninguém quer enfrentar, mas que a HopfON abraçou de corpo e alma. Com criatividade e muita pesquisa, a startup desenvolveu uma tecnologia que transforma a biomassa de lúpulo em materiais como painéis acústicos e isolantes térmicos. E o mais incrível: o processo é tão natural quanto uma boa cerveja artesanal. O próprio lúpulo contém agentes de ligação que dispensam o uso de químicos pesados.
O ciclo é sustentável do começo
ao fim. Os produtos antigos podem ser devolvidos, reciclados e transformados em
novos materiais. Tudo isso já tem clientes: um espaço de coworking em Mannheim
foi o primeiro a experimentar os painéis ecológicos da HopfON.
E não para por aí: no horizonte,
a HopfON (ou Onmatter, como será chamada no futuro) já vislumbra alternativas
sustentáveis ao drywall e outros projetos verdes. Paralelamente, pesquisadores
da Sociedade de Pesquisa em Lúpulo, em Hüll, estão criando novas variedades da
planta que produzem menos resíduos – sem perder aquele sabor tão querido pelos
cervejeiros.
Assim, a HopfON prova que
inovação, sustentabilidade e uma boa dose de ousadia são a combinação perfeita
para transformar resíduos em oportunidades. Com um pé no futuro e outro na
tradição bávara, a startup já está mostrando que um mundo mais verde é possível
– e pode começar com um gole de cerveja.
Fonte: Inova Social.
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