As chuvas e os alagamentos que marcaram os primeiros shows do Coldplay em São Paulo mostram que a banda acertou no tom ao estabelecer os princípios da turnê atual: o grupo só pegou a estrada para divulgar o álbum “Music Of The Spheres” depois de condicionar as apresentações a uma série de ações em prol do meio ambiente.
Com direito a onze shows no
Brasil, a turnê foi pensada com três princípios como base. O primeiro impõe a
diminuição das emissões de CO2 em 50% (em relação à última turnê) e estimula a
redução de consumo e o aumento da reciclagem. O segundo pilar é o apoio a novas
tecnologias ecológicas e métodos de turismo sustentáveis e com baixa emissão de
carbono. Por fim, a turnê ainda deve compensar os impactos provocados pelas
apresentações.
O Coldplay se alinhou à DHL,
referência internacional no setor de transportes, para diminuir o impacto da
logística dos shows, evitando o uso de combustíveis fósseis. A empresa dá preferência
a voos abastecidos com biocombustíveis e, nos
deslocamentos em terra, prioriza veículos elétricos.
Líder na produção de combustível de aviação sustentável, a Neste também embarcou na turnê. É quem está fornecendo o biocombustível do tipo HVO (óleo vegetal hidrotratado) que garante a ida e vinda dos músicos em diversas ocasiões.
Também chamado de diesel verde, o
HVO é 100% produzido com matérias-primas renováveis, como óleo de cozinha. Em
comparação ao combustível fóssil tradicional, essa alternativa reduz as
emissões dos gases do efeito estufa das viagens aéreas em até 80%. E o diesel
verde ainda está sendo utilizado pelos caminhões que carregam os equipamentos.
Em parceria com a BMW, a banda
inglesa desenvolveu uma bateria móvel e recarregável que garante boa parte da
energia necessária para os shows. Instalados em determinadas áreas de cada
arena, pisos cinéticos fazem com que a movimentação e o sacolejar dos fãs sejam
transformados em energia elétrica, consumida ao longo das apresentações.
Ainda há os painéis solares
fotovoltaicos, que são instalados atrás do palco e ao redor dos estádios. A
turnê começou na Costa Rica e não foi por acaso: 99% da energia elétrica
disponível naquele país vêm de fontes renováveis.
Para os geradores que abastecem
os equipamentos da turnê, a banda conseguiu reduzir em até 80% a emissão de CO2
adotando geradores que utilizam biodiesel produzido pela JBS Biodiesel. Para os
concertos em São Paulo e Rio, o combustível vem da planta de Lins (SP), para
Curitiba (PR), da unidade de Mafra (SC). São cerca de 30 mil litros por show.
Apesar dos esforços, a banda
reconhece que a turnê deixará uma pegada de carbono significativa. O Coldplay
assumiu o compromisso de apoiar, com 10% do faturamento, ONGs que militam em
prol do meio ambiente. É o caso da ClientEarth, da Ocean Cleanup e da One Tree
Planted, entre outras.
A cada ingresso vendido, a turnê
promete ainda o plantio de uma árvore, além da proteção vitalícia de todas as
mudas. A compensação das emissões registradas ao longo dos shows por meio de
créditos de carbono também está prevista.
A banda prometeu ainda recorrer a
equipamentos, materiais e recursos locais sempre que possível e montar palcos
só com materiais leves, de baixo carbono e reutilizáveis. As pulseiras de LED
usadas pelo público durante as apresentações são feitas de materiais 100%
compostáveis, à base de plantas. A meta é reduzir a produção de novas pulseiras
em 80%, o que está sendo feito com a coleta e a esterilização delas no final de
cada show. Até o confete disparado para o alto foi alterado. Agora é 100%
biodegradável e o acionamento exige consideravelmente menos gás comprimido.
Fonte: Exame

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