A indústria da moda despertou nos últimos anos para a necessidade de ordenar suas ações rumo à sustentabilidade – com uma enxurrada de marcas assumindo compromissos ousados para reduzir suas pegadas ambientais. Mas o que está faltando, em grande parte, é a responsabilidade. Como sabemos que as marcas estão realmente fazendo o trabalho necessário nos bastidores? E as empresas que têm sido menos abertas na implementação de práticas de negócios mais responsáveis? Dá pra confiar?
O projeto de lei – que já recebeu
apoio de nomes como Stella McCartney – se aplicaria a qualquer marca que faça
negócios em Nova York e que tenha uma receita global anual de U$ 100 milhões ou
mais, o que significa que ele pode ser um divisor de águas para todo o setor.
“Não são apenas empresas sediadas em Nova York; isso é muito importante”, diz
Maxine Bédat, fundadora do New Standard Institute, à Vogue. “Este é um modelo
que a Califórnia implantou no espaço automotivo para impulsionar melhorias na
indústria globalmente”.
A legislação finalmente responsabilizaria as grandes empresas de moda por seus impactos ambientais e sociais, pois qualquer marca que não cumprisse a lei seria multada em dois por cento de sua receita anual (todos os fundos seriam entregues a organizações de justiça ambiental como a UPROSE.) “Tivemos alguns compromissos voluntários, mas não há muita pressão sobre as empresas no momento. Os dados estão bem escondidos”, explica Bédat. “Também estamos vendo figuras entrando em cena que não respeitam o meio ambiente e o trabalho. Esse tipo de legislação garantiria que nenhuma empresa pudesse explorar o meio ambiente e a mão de obra e usar isso como vantagem competitiva.”
Uma questão importante que deve
ser coberta pelas propostas é o lixo têxtil (estima-se que imensas 92 milhões
de toneladas são despejadas globalmente a cada ano). A legislação de
Responsabilidade Estendida do Produtor, que já está em vigor em países como
França e Suécia, tornará as empresas responsáveis pelo pagamento da coleta,
triagem e reciclagem de têxteis. “Se houver ímpeto real na responsabilidade
estendida do produtor, será necessário se afastar da moda descartável, o que
acho que seria um resultado incrivelmente positivo para a indústria”, continua
Bergkamp.
Dada a quantidade de trabalho que
está aparecendo atualmente, não há dúvida de que 2022 será um ano chave para a
legislação na indústria da moda. “A Covid-19 e a crise climática realmente
resultaram em um momento de mudança para reconhecermos que o problema do
consumo excessivo da moda e as questões de direitos humanos não serão abordados
por esforços voluntários”, conclui Ayesha Barenblat, fundadora e CEO da Remake.
“Muitas das mudanças de que precisamos virão de uma legislação inteligente.”
Fonte: Vogue.

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