Novo material pode reduzir o valor de células solares.


O uso de energias renováveis vem sendo abordado em todo o mundo, mas, por ser um processo complexo, especialistas acreditam que levará tempo até que essas tecnologias substituam as fontes tradicionais. Um dos desafios é ter, na produção de soluções do tipo, elementos químicos mais econômicos. Desta forma, pesquisadores americanos desenvolveram um composto a partir de um elemento químico abundante na natureza. Segundo eles, o material poderá compor a fabricação de painéis solares. A novidade foi apresentada na última edição da revista Nature Chemistry.


Segundo os idealizadores do composto, as tecnologias atuais para a captação de energia renovável contam com metais preciosos, como irídio e rutênio, para funcionar. “Percebemos que houve poucos esforços no estudo dos metais mais abundantes — titânio e zircônio, por exemplo —, porque geralmente não são tão fáceis de trabalhar. Os metais preciosos sempre foram os elementos cruciais nessa área devido a suas propriedades químicas favoráveis (…) Esperamos mudar isso”, enfatiza, em comunicado, Carsten Milsmann, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de West Virginia.

O composto criado por Milsmann e colegas é feito de zircônio, encontrado em maior quantidade na natureza. Além disso, é estável em uma variedade de condições, como ar, água e mudanças de temperatura, facilitando o trabalho em ambientes diversos. “Como o composto pode converter luz em energia elétrica, ele poderá ser usado na criação de painéis solares mais eficientes”, diz o cientista.


Patrícia Lustoza de Souza, professora do Centro de Estudos em Telecomunicações (CETUC) da PUC-Rio, pontua que o estudo é interessante por buscar novos materiais que possam dar sustentabilidade e baixar o custo da fabricação de células solares. “O zircônio estudado para substituir o irídio ou o rutênio seria usado na tecnologia de células solares que usam corantes sensibilizados. Não há nada que mostre que aumentaria a eficiência dessas células, mas poderia barateá-las ou torná-las uma opção sustentável”, analisa.
A especialista brasileira acredita que a tecnologia poderá competir com a de células orgânicas na fabricação de vidros ou revestimentos, ocupando nichos na arquitetura e na construção civil. “Não é uma tecnologia para usinas, por exemplo”, diz. “Assim, a contribuição seria para cobrir esses nichos e dar sustentabilidade a essa tecnologia de corantes sensibilizados pela luz solar”, completa.


Fonte: Correio Braziliense.