O surto do novo coronavírus pode ocasionar uma queda nas
emissões globais de carbono este ano, mas a pandemia declara pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) nesta semana representa uma ameaça às ações de combate
às mudanças climáticas no longo prazo, segundo a Agência Internacional de
Energia (IEA, na sigla em inglês).
De acordo com a organização, as consequências econômicas do
Covid-19 podem afetar a demanda mundial por petróleo neste ano, limitando a
emissão de gases estufa. O problema é que os impactos da pandemia de
coronavírus sobre o clima não param por aí.
O diretor executivo da AIE, Fatih Birol, alertou, no
entanto, que o surto pode apontar uma desaceleração da transição para a
energia limpa no mundo. “Não há nada a comemorar em um provável declínio nas
emissões impulsionado pela crise econômica”, afirmou Birol ao The Guardian. “Na
ausência de políticas e medidas estruturais corretas, esse declínio não será
sustentável.”
O vírus tem provocado medo quanto a uma possível recessão
econômica global, levando a uma das maiores quedas nos preços do petróleo nos
últimos 30 anos. A Arábia Saudita tem elevado sua produção, dando o primeiro
passo para uma guerra de preços com a Rússia, que espera debilitar os
produtores americanos.
O próximo ano também pode marcar a primeira queda no
crescimento da capacidade instalada de energia solar no mundo desde os anos 80,
de acordo com um relatório da Bloomberg. “Não podemos permitir que a crise de
hoje comprometa a transição para a energia limpa”, diz Fatih Birol.
O diretor da agência de energia deixou claro que os governos
precisam apostar em medidas de eficiência energética, que representariam um
investimento lucrativo no longo prazo. “Um pacote de estímulo bem projetado
pode trazer benefícios para a transição para a energia limpa”, completa.
Fonte: Época Negócios.

