Cientistas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, desenvolveram um estudo focado na reciclagem química das poliolefinas, um tipo de plástico amplamente utilizado. O estudo, publicado na Nature Chemical Engineering, investiga a quebra precisa das cadeias de carbono das poliolefinas, otimizando a produção de hidrocarbonetos, que podem ser usados como combustíveis. O objetivo é reduzir o consumo de petróleo e as emissões de CO2 ao transformar resíduos plásticos em novos materiais, sem a necessidade de combustível ou lubrificantes.
A reciclagem química oferece mais controle sobre a qualidade do material reciclado, ao contrário da reciclagem mecânica, que degrada o plástico com cada ciclo. O pesquisador Javier Pérez-Ramírez aponta que, com a reciclagem química, espera-se a possibilidade de transformar resíduos de plásticos como o polietileno e o polipropileno em novos plásticos de qualidade, sem limitações de uso. Esse avanço pode minimizar o impacto ambiental da poluição plástica, conforme apontado por dados recentes sobre o descarte de plásticos.
O estudo também destaca os desafios na reciclagem de plásticos. Entre eles, estão a necessidade de desenvolver catalisadores que controlem melhor a quebra das cadeias de carbono e a busca por métodos eficientes de contato entre os materiais no reator para a reação de hidrogenólise. A hidrogenólise é o processo que quebra as cadeias de carbono, utilizando catalisadores e hidrogênio, transformando o plástico em compostos necessários para a produção de combustíveis.
Experimentos realizados com compostos de rutênio e titânia como catalisadores revelaram que hélices com pás paralelas ao eixo de rotação e uma velocidade de mil rotações por minuto são ideais para o processo de reciclagem. Esses resultados foram condensados em uma equação matemática que pode ser utilizada por outros pesquisadores para aprimorar o processo. O próximo passo é o desenvolvimento de novos catalisadores para a reciclagem de plásticos.
Embora a conversão de plásticos em combustíveis seja uma questão complexa, o pesquisador Marco Fraga vê esse processo como parte de um modelo de produção mais sustentável, alinhado à economia circular. Ele também destaca o potencial da reciclagem para transformar o plástico em sua forma mais básica, o monômero, permitindo a produção de novos plásticos sem depender diretamente do petróleo.
Fonte: Correio Braziliense.
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