É comum ouvir falar que as abelhas são essenciais para o meio ambiente, mas um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo e outras instituições do Brasil e do Reino Unido mostra que esses pequenos insetos têm um impacto direto na qualidade e valor do café que chega à nossa xícara. O estudo investiga como a integração de polinizadores manejados nas lavouras pode melhorar tanto a produtividade quanto a qualidade do café arábica, que é uma das variedades mais apreciadas no mundo.
Mais produtividade e café especial
Os pesquisadores colocaram colônias de abelhas em fazendas de café no sudeste do Brasil e observaram um aumento significativo na produtividade. O estudo mostrou que a presença das abelhas levou a um aumento de 16,5% no número de sacas de café por hectare.
Em nível de arbusto, a polinização por abelhas sem ferrão (nativas da região) fez com que o peso dos frutos aumentasse em 67% por galho, o que se traduz em um café de maior qualidade e um maior retorno para os agricultores.
Além disso, o café polinizado pelas abelhas apresentou uma melhora significativa em diversos atributos de qualidade, como sabor e tamanho dos grãos. Em algumas fazendas, essa melhoria fez com que o café fosse reclassificado para uma categoria superior, passando a ser considerado café especial – um segmento valorizado que atrai preços mais altos no mercado internacional. O estudo destacou que as abelhas nativas, como a Scaptotrigona depilis, são polinizadoras extremamente eficazes, contribuindo tanto para a produtividade quanto para a qualidade do café produzido.
Abelhas e pesticidas: desafios e oportunidades
Apesar dos benefícios claros da polinização, o uso de pesticidas é um desafio constante. No estudo, os pesquisadores também avaliaram o impacto dos pesticidas neonicotinóides, como o tiametoxam, nas colônias de abelhas. Os resultados foram positivos: mesmo expostas a níveis realistas desse pesticida nos cafeeiros, as colônias não apresentaram efeitos adversos significativos em sua saúde. Isso sugere que, quando usados de forma adequada, os pesticidas podem coexistir com a prática de polinização manejada, maximizando a produção sem comprometer a saúde das abelhas.
Esse tipo de manejo integrado, que busca otimizar a polinização ao mesmo tempo em que reduz os riscos dos pesticidas, pode ser uma solução viável para agricultores que buscam aumentar sua produtividade de forma sustentável.
O estudo enfatiza que a combinação de abelhas nativas e melíferas, juntamente com o uso consciente de produtos químicos, pode oferecer um cenário de “ganha-ganha” tanto para os produtores quanto para o meio ambiente.
Fonte: Tempo.com

0 Comentários