As cidades inteligentes e a sustentabilidade caminham juntas e a questão do lixo é algo importante nessa confluência de interesses. É vital ocorrer a gestão eficiente dos resíduos sólidos com foco na melhor qualidade de vida de seus moradores e na preservação do meio ambiente. Uma das principais questões ambientais da era contemporânea é, sem dúvida, a enorme quantidade de lixo produzida no planeta. Associado a isso, surge outro problema ainda mais desafiador: a não reutilização adequada desses materiais por causa do consumo desenfreado, do desperdício e do descarte incorreto de lixo.
Se o descarte dos resíduos
sólidos é importante para a preservação do meio ambiente das cidades, imagine
esses descartes em uma cidade do tamanho da capital paulista. A reciclagem
ainda é a melhor maneira de solucionar o problema, como explica o professor Marcos
Buckeridge, do Instituto de Biociências (IB) da USP, especialista em cidades e
meio ambiente. Vários países no mundo já têm o assunto bem evoluído, casos de
Japão, Cingapura e Dubai.
Os resíduos orgânicos, ou seja, o
desperdício de alimentos, são o maior descarte existente no mundo. O
pesquisador explica que o não desperdício dos alimentos resolveria dois
problemas: além de conter a crise mundial de mudanças climáticas, ajudaria
também a conter a fome no mundo. “A Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura (FAO) calcula que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos é
desperdiçado por ano no mundo – cerca de 1/3 do que é produzido globalmente. E
a produção desse total de alimentos que é perdido responde por 8% das emissões
de gases de efeito estufa. Portanto, o gerenciamento adequado dos resíduos
sólidos é crucial para mitigar impactos ambientais negativos, como a poluição
do solo, da água e do ar.
Gestão sustentável
A Política Nacional de Resíduos
Sólidos, instituída no Brasil em 2010, busca promover a gestão sustentável dos
resíduos, incentivando a redução, reciclagem e destinação adequada. Esse marco
regulatório visa a minimizar impactos ambientais, fomentar a economia circular
e conscientizar a sociedade sobre a importância da gestão responsável de
resíduos. Além disso, políticas de conscientização e regulamentações
governamentais são essenciais para promover práticas sustentáveis de descarte e
incentivar a transição para uma economia circular, na qual os resíduos são
vistos como recursos valiosos a serem reintegrados no ciclo produtivo.
A tecnologia poderia contribuir muito para a reutilização dos descartes, de acordo com o professor Buckeridge, “como a robótica e a de produção de enzimas que dissolvem os produtos ‘pets’ (garrafas, embalagens, copos, entre outros), fazendo o plástico voltar aos compostos iniciais para que voltem a ser reutilizados. A biotecnologia e as técnicas de engenharia podem contribuir bastante”, avalia. O rastreamento do lixo também já é feito atualmente com grande parte do material descartado para saber o destino final desse material. “Com esse traçado e entendendo a logística desse lixo é possível aprender a fazer um mapa para que ele tenha destinação certa, para que possa ser processado e reciclado”, explica.
ODS
Sobre os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, os itens 12 e 17 estão relacionados à
gestão de resíduos sólidos como redução de poluentes e otimização da gestão. O
professor garante que as grandes cidades estão envolvidas na meta da economia
circular, mas ainda há muito a fazer em comparação a países da Europa, por
exemplo. “As Prefeituras de cidades grandes estão preocupadas com a economia
circular, mas o Brasil é muito atrasado se comparado a países como Alemanha e
Japão, ainda temos muito o que aprender. Em São Paulo, por exemplo, ainda temos
catadores vagando pelas ruas da cidade. Ainda não existe um sistema bom e
integrado”, finaliza.
Gestão de resíduos sólidos
refere-se ao conjunto de práticas e políticas adotadas para minimizar a geração
de resíduos, promover a coleta seletiva, tratamento adequado e disposição final
responsável. Além disso, a gestão eficaz inclui o descarte apropriado de
resíduos, especialmente os perigosos, de modo a prevenir danos ambientais e
proteger a saúde pública. O ano de 2025 será de extrema importância para o
assunto, com a oportunidade de sediar a COP 30, que será realizada em Belém, no
Pará.
O Brasil vai ter a oportunidade
de mostrar mais do que isso, é o País olhar para si mesmo e levar ideias
mescladas e integradas de formas sustentáveis. “Não é mais possível estabilizar
o aumento da temperatura em 2°C.” O tom pessimista foi dominante entre os
cientistas na última Assembleia Geral da ONU. A humanidade tem até 2050 para
descarbonizar a economia, sob o risco de sofrer graves consequências em função
das mudanças climáticas. A meta foi estabelecida no Acordo de Paris, assinado
por 193 países, mas já não é alcançável.
Fonte: Um só planeta.

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