No Distrito Federal, o consumo médio per capita de água é de 140 litros por pessoa/dia, volume considerado ideal por especialistas. No entanto, quando o levantamento é feito por região administrativa, é constatado um consumo acima dessa média em algumas delas. No Lago Sul, são consumidos 397 litros por pessoa/dia. No Park Way, são 232. Doutor em Conservação da Água pela Universidade de Brasília (UnB), Daniel Sant'Ana salienta a necessidade de políticas públicas voltadas à conservação e reaproveitamento de água nas edificações residenciais e comerciais no DF.
"Há uma relação direta entre
renda per capita e o consumo de água. Quanto maior a renda familiar, maior o
consumo. Isso se deve muito à tipologia das moradias. Casas maiores com
piscina, jardim, varandas, carros na garagem, acabam utilizando mais
água", observa o especialista, que destaca ainda caminhos para um uso mais
sustentável. "Há uma série de tecnologias que ajudam, equipamentos
economizadores como torneiras que reduzem a vazão da água sem precisar reduzir
o tempo de banho, vasos sanitários com volume de água reduzido, válvulas de
descarga de acionamento duplo, equipamentos para lavagem de piso, entre
outras", comenta.
Daniel, que também é líder do laboratório de pesquisa Água e Ambiente Construído, da UnB, pontua que o hábito de consumo vem com a cultura. "Para começarmos a mudar o hábito do desperdício, é importante um incentivo por parte do governo para que a população comece a investir em soluções que vão otimizar o uso da água ou até mesmo usar fontes alternativas para fins não potáveis", sugere.
Segundo a Companhia Ambiental de
Saneamento do Distrito Federal (Caesb), não há qualquer risco de
desabastecimento de água no DF. "Estamos expandindo a rede para melhor
atender não apenas a atual população, mas também às futuras gerações",
afirma o presidente da empresa, Luís Antônio Reis. "Mas na seca a ordem é
a mesma para todo o ano: não desperdice água. Economizar água é bom para a
natureza e para o bolso", acrescentou.
Junto à Agência Reguladora de
Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Daniel Sant'Ana
desenvolveu uma análise dos benefícios financeiros e ambientais de sistemas de
aproveitamento de água classificados como sistemas prediais de água não
potável. "Criamos um cenário onde, se todas as edificações do DF fizessem
uso de água da chuva e reúso de água cinza — água residual que provém de
atividades domésticas, como lavar louça, roupa e tomar banho —, os impactos nos
recursos naturais seriam significativos", pontua. "Verificamos que
seria viável uma cobrança tarifária diferenciada para residências ou comércios
que fizessem esse reúso, subtraindo esses valores economizados pelas reduções
nas despesas de exploração na conta mensal de água e esgoto", completa.
Há cinco anos, os blocos D e E da
Quadra 302 Sul fazem uso de métodos de economia que têm se refletido no bolso
dos moradores. "Temos economizado cerca de R$ 4 mil na conta geral de água
do condomínio", afirma o síndico dos dois blocos, Sérgio Diniz.
"Temos o apoio de uma empresa de sustentabilidade que nos ajuda a aplicar
estratégias de preservação", completa.
Thaysa Friaça, proprietária da
Double Eco, que presta assistência ao condomínio de Sérgio, esclarece que, no
caso de condomínios residenciais, é possível fazer um trabalho focado na
equalização de vazões, além de outros processos de economia de água. "Em
todo prédio há uma diferença do metro de coluna d´água em cada andar. Trabalhamos
para ajustar a água e igualar em todos os andares, gerando economia. Fazemos
também a equalização da entrada de água por meio de uma válvula que protege as
tubulações de oscilação de pressão", elenca. "Fazemos ainda um
monitoramento para acompanhar o consumo do cliente em tempo real. Com isso, se
houver alguma diferença no padrão de consumo, acionamos o técnico para ir à
unidade e procurar vazamentos", conclui.
Fonte: Correio Braziliense.

0 Comentários