No Brasil, a garrafa PET ainda é a embalagem mais utilizada para consumo da água mineral, mas uma nova alternativa também vem crescendo entre os consumidores: a lata de alumínio. Embora o mercado de água em latas ainda esteja em expansão e enfrente uma dura competição com o plástico, essa opção já se estabelece como um forte concorrente para o título de "embalagem do futuro".
Mas qual seria a opção mais
sustentável? Um estudo da ONG norte-americana Center for Climate Integrity
mostra que apenas 9% do plástico produzido globalmente é reciclado. No Brasil,
a porcentagem é ainda menor: apenas 1,3% do plástico passa pelo processo.
Por outro lado, o alumínio,
embora reciclável de maneira eficiente, exige uma grande quantidade de energia
para ser produzido inicialmente devido à extração da bauxita, segundo explica
ao Terra Anne Caroline, catadora, comunicadora e especialista em sustentabilidade.
Então, como decidir qual
embalagem é menos prejudicial ao meio ambiente? Para esclarecer as diferenças
em sustentabilidade entre as garrafas PET e as latas de alumínio, conversamos
com dois especialistas que analisam o impacto ambiental de cada material.
Os impactos ambientais das garrafas PET e das latas de alumínio são variados. Anne explica que a produção de PET depende do petróleo, o que leva a uma alta emissão de carbono.
"Quando descartado
incorretamente, o PET pode poluir rios e oceanos por séculos. Já o alumínio,
embora reciclável de forma eficiente, tem impacto inicial grande na extração da
bauxita e no consumo de energia para produção", compara.
Darci Barnech Campani, engenheiro
agrônomo e professor de gestão ambiental, acrescenta que, na produção de
garrafas PET, o petróleo é transformado em polímero após ser extraído e, só
depois, moldado em garrafas.
"A produção do PET é um
processo longo e complexo. Envolve extração de petróleo, transporte,
refinamento, e a transformação em garrafas. Além disso, o PET precisa ser
lavado durante a reciclagem, o que gera água contaminada com resíduos orgânicos",
destaca.
Ele complementa que a reciclagem
do alumínio é muito eficaz em termos de energia, consumindo apenas 5% do que é
usado na produção inicial. No entanto, o especialista reforça que o processo de
extração e produção inicial do alumínio tem impacto ambiental significativo
devido ao alto consumo de energia.
A eficiência energética na
reciclagem é um ponto importante, segundo destacam os especialistas. Anne
afirma que o alumínio é campeão na reciclagem, já que pode passar pelo processo
reiteradas vezes, sem perder a qualidade.
"Já o PET, embora
reciclável, é menos eficiente nesse processo e perde qualidade ao longo do
tempo", afirma.
Barnech reforça essa visão,
explicando que a reciclagem do PET envolve uma série de processos que podem ser
menos eficientes e mais problemáticos em termos de resíduos gerados durante a
lavagem e preparação do material reciclado.
Durabilidade e reutilização
Em termos de durabilidade e
possibilidade de reutilização, o alumínio leva vantagem.
"O PET tem a possibilidade
de reutilização algumas vezes, mas acaba se degradando e, por isso, não é tão
vantajoso", destaca Anne.
Barnech destaca que, atualmente,
a sustentabilidade pode ser vista sob diversas perspectivas. Do ponto de vista
econômico, o alumínio parece ser mais vantajoso, pois sua reciclagem é mais
garantida e o mercado de alumínio é estável. Em contraste, o PET enfrenta
variações de preço que impactam sua reciclabilidade.
"Enquanto o PET é mais
volátil no mercado, o alumínio tem um valor constante, beneficiando aqueles que
trabalham com a coleta de recicláveis", completa.
Riscos ao meio ambiente e à
saúde
Anne ressalta que a produção de
alumínio emite mais carbono inicialmente, mas, se reciclado, essas emissões
caem. O PET, por outro lado, tem uma pegada de carbono significativa ao longo
de todo o ciclo de vida, especialmente na produção e reciclagem.
Os riscos para a vida selvagem
também são uma preocupação. Ela explica que o PET, quando descartado de forma
inadequada, contribui para a poluição por microplásticos nos oceanos.
"O alumínio, se não for
reciclado, é menos prejudicial nesse aspecto, mas, ainda assim, não deve ser
jogado na natureza", diz.
Além dos riscos ambientais,
Barnech cita o impacto à saúde desses materiais no longo prazo. O PET, por
exemplo, é identificado como um disruptor endócrino.
"O PET pode liberar
moléculas que interferem no sistema hormonal, o que é preocupante tanto para a
fauna quanto para a saúde humana", alerta ele, que menciona estudos
que associam o PET a mudanças hormonais em jacarés e problemas de saúde em
humanos.
Já o alumínio está associado ao
Alzheimer.
"Estudos indicam que a
exposição ao alumínio pode contribuir para o desenvolvimento de Alzheimer, mas
também é importante notar que o revestimento das latas de alumínio pode
adicionar uma camada de polímero, trazendo complexidade adicional", explica.
Mas, afinal, qual seria a melhor
escolha?
Anne aponta que, se a reciclagem
de alumínio é viável onde o consumidor está, ele é a escolha mais sustentável.
"No entanto, a
conscientização sobre o descarte e a reutilização são fundamentais para
minimizar os impactos de qualquer embalagem", diz.
Apesar das vantagens do alumínio com relação ao plástico, o agrônomo Darci Barnech argumenta que outro material seria, na verdade, a melhor escolha em termos de sustentabilidade: o vidro.
"O vidro é semelhante ao
alumínio em termos de reciclagem, mas não perde qualidade no processo e não
apresenta os mesmos riscos ambientais que o PET", explica.
Ele destaca que a logística de
retorno e lavagem das garrafas de vidro é um desafio, mas que do ponto de vista
ambiental, o vidro é a opção mais sustentável.
Fonte: Terra.
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