'Produtos químicos eternos' usados ​​em baterias de lítio ameaçam o ambiente e a saúde humana, aponta novo estudo.

Ao mesmo tempo que os carros elétricos são uma das apostas para a transição energética para fontes limpas e esta indústria vêm crescendo em todo o mundo, um novo estudo publicado na Nature fez um alerta sobre as baterias de íon de lítio: os 'Produtos químicos eternos' presentes nela levam a poluição química e ameaçam o meio ambiente e a saúde humana.

Os conhecidos PFAS são uma classe de cerca de 16 mil compostos feitos pelo homem, frequentemente utilizados em materiais resistentes à água, manchas e calor. Eles são chamados de "eternos" porque não se decompõem naturalmente e já foram encontrados acumulados no organismo humano -- sendo relacionados a doenças como câncer, defeitos congênitos e outras.

Na nova descoberta, os pesquisadores encontraram níveis alarmantes dos PFAs em ambientes próximos a fábricas e também o perceberam em áreas remotas -- onde os resíduos das baterias descartadas em aterros se apresentaram tóxicos para organismos vivos. Na análise, eles se concentraram em uma subclasse pouco pesquisada e não regulamentada destes produtos, chamada "bis-FASI" -- frequentemente usada nas baterias de lítio. Uma das conclusões é que a grande maioria acaba em lixões municipais, onde pode vazar para cursos d'água, acumular-se localmente ou ser transportada por longas distâncias.


Jennifer Guelfo, pesquisadora da Texas Tech University e coautora do estudo, disse ao The Guardian que isto evidencia que a nação enfrenta “dois desafios críticos: minimizar a poluição aquática e aumentar nosso uso de energia limpa e sustentável, sendo que ambas são causas nobres”.

“Mas há um pouco de cabo de guerra entre os dois, e este estudo destaca que temos uma oportunidade agora, à medida que ampliamos essa infraestrutura energética, para fazer um trabalho melhor de incorporar avaliações de risco ambiental”, acrescentou.

Em pesquisas anteriores, o bis-FASI mostrou que pode ser reutilizado, mas apenas 5% das baterias de lítio são de fato recicladas. Projeções apontam que isto poderia gerar 8 milhões de toneladas de resíduos do material poluente até 2050 -- caso a reciclagem não for ampliada. “Isso diz que deveríamos dar uma olhada mais de perto nessa classe de PFAS”, destacou Guelfo.

O estudo também verificou os efeitos em invertebrados e peixes-zebra e encontrou impactos em níveis baixos de exposição, o que sugere toxicidade em linha com outros compostos PFAS comprovadamente perigosos. Eles também coletaram amostras de água, solo e ar ao redor de uma planta da empresa 3M em Minnesota e outras grandes instalações conhecidas por produzir os produtos químicos eternos. Os níveis de solo e água se apresentaram bastante preocupantes, disse Guelfo, e a detecção dos produtos até na neve sugere que eles se movem facilmente pela atmosfera.

Isso também poderia ajudar a explicar por que os PFAs foram encontrados na água do mar chinesa e em outras áreas remotas não próximas a locais de produção, disseram os pesquisadores.


Fonte: Época Negócios.

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