Ao construir sua nova marca de moda, Edzard van der Wyck e Michael Wessely, preocupados com o meio ambiente, enfrentaram uma enxurrada de reivindicações de sustentabilidade sobre diferentes tecidos.
"Observamos todos os tipos
de fibras, desde caxemira até casca de abacaxi", disse Wessely à BBC. Mas
muitas vezes encontraram barreiras na forma como os materiais eram produzidos.
O bambu, por exemplo, embora biodegradável, muitas vezes passa por processos
químicos intensivos de fabricação. A produção de abacaxi normalmente usa
grandes quantidades de agroquímicos e geralmente é cultivada em monocultura.
Eles estavam procurando um tecido
com credenciais de sustentabilidade que resistisse ao escrutínio, não apenas
nas emissões de carbono, mas também em seu impacto na biodiversidade, poluição,
reciclabilidade e nas comunidades que o produzem. Eles inicialmente suspeitaram
que o tecido ideal poderia ser encontrado no extremo mais inovador do espectro,
explorando materiais que eram relativamente novos na moda.
Mas em 2018, Van der Wyck e Wessely voltaram sua atenção para um material muito, muito mais antigo. Eles conheceram criadores de ovelhas regenerativos que "queriam provocar uma mudança radical" em sua indústria, diz Wessely. Impressionados com as convicções dos agricultores e os benefícios técnicos e ambientais que alegavam que seus produtos ofereciam, eles pousaram na matéria-prima de sua escolha: lã regenerativa. "A verdadeira resposta veio na forma de um material antigo, embora obtido e tratado de forma pioneira".
Especialistas em moda sustentável
elogiaram os esforços da empresa. "Esta é uma marca que vem do meu
coração: defendendo fibras naturais regenerativas, energia renovável, produção
responsável com uma cadeia de suprimentos totalmente rastreável", disse
Lucianne Tonti, consultora de moda sustentável independente, à reportagem.
"Eles são a prova do conceito de que é possível fazer roupas bonitas com
impacto ambiental positivo." A indústria da moda é responsável por entre 8
e 10% das emissões globais de gases de efeito estufa, mais do que a aviação e o
transporte marítimo juntos. Cerca de 70% das emissões da moda vêm de suas
cadeias de suprimentos, concentradas na produção, processamento e preparação de
matérias-primas.
A lã é vista como um tecido
maravilhoso na indústria da moda porque é mais resistente do que a maioria das
fibras, requer menos lavagem e é reciclável, diz Tonti. "É forte, elástico
e tem um revestimento ceroso para não manchar facilmente e é resistente ao
odor." Também é retardante de chamas, tem propriedades antibacterianas e
pode absorver até 30% de seu peso em água. Quando a lã retorna ao solo ou à
água, ela se biodegrada, ao contrário dos tecidos à base de petróleo, como o
poliéster.
Estudos descobriram que a lã
regenerativa tem o potencial de sequestrar carbono da atmosfera, mitigando os
efeitos das mudanças climáticas. No entanto, pesquisas científicas mais
robustas são necessárias para entender completamente o potencial da lã
regenerativa para reduzir as emissões. Os defensores da lã regenerativa
argumentam que ela também pode aumentar a resiliência do solo (o que pode
proteger contra secas e inundações) e reduzir a dependência de superfosfatos,
um tipo de fertilizante que pode ser tóxico para os animais e contribui para as
emissões de carbono). Ao promover ecossistemas biodiversos de plantas, animais
e micróbios, a agricultura regenerativa também ajuda na conservação da água e
do solo. E a agricultura regenerativa também pode mostrar melhores resultados
econômicos para os agricultores quando o capital natural é contabilizado.
Fonte: Um só planeta.

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