As ervas daninhas sempre foram um problema para as plantações, e a situação está só piorando em razão do aquecimento climático. Segundo cientistas, o que acontece é que as altas temperaturas sobrecarregam o crescimento de certas espécies infestantes e indesejáveis que competem com as culturas por nutrientes, ameaçando a segurança alimentar.
Até hoje, para eliminá-las, os
agricultores costumavam recorrer aos tratores de pulverização, que liberavam
litros de herbicidas em cima dos alimentos, como milho e trigo. Mas essa
abordagem, além de resultar em desperdício financeiro, tem um alto custo
ambiental: polui o solo, contamina a água potável e contribui para a perda da
biodiversidade – sem contar os perigos para a saúde humana e a dos animais.
Diante disso, os produtores globais de alimentos estão sendo pressionados a repensar suas práticas agrícolas intensivas, o que, de certa forma, tem contribuído para o surgimento de novas soluções. Uma delas é o uso de drones capazes de fazer a pulverização de produtos químicos apenas nos locais onde as ervas daninhas se encontram, sem a necessidade de encharcar toda a produção.
A Precision AI, fundada em 2017
pelo empreendedor de tecnologia serial Daniel McCann, é uma das empresas que já
trabalham com este tipo de equipamento. Seus drones autônomos e personalizados
– ainda em fase de teste – são equipados com um sistema de inteligência
artificial, cujos algoritmos foram treinados com imagens de 15.000 espécies de
plantas para aprenderem a distinguir culturas básicas – por exemplo, milho,
trigo e soja – de ervas daninhas.
Eles possuem uma câmera que pode
“ver” qualquer coisa maior que metade de uma semente de gergelim, voam entre
1,2 e 1,8 metro acima do solo e são capazes de transportar quase 20 litros de
herbicidas por voo e cobrir cerca de 0,3 quilômetros quadrados por hora.
A IA do dispositivo, explica a
startup canadense, toma decisões em tempo real e identifica ervas daninhas com
96% de precisão, pulverizando apenas o alvo pretendido. Essa abordagem,
garante, reduz o uso de herbicidas em até 90% em comparação com os métodos
tradicionais.
Com números tão promissores, a
Precision AI foi uma das vencedoras do prêmio Pioneers 2023 da BloombergNEF,
que destaca inovadores de tecnologia climática em estágio inicial com potencial
para mudar o jogo. Além disso, foi a ganhadora do Cooperative Ventures
Innovation Challenge no World Agri-Tech Innovation Summit deste ano.
Apesar do cenário positivo, nem
todo mundo está convencido de que os drones serão dominantes na agricultura no
futuro, observa o Japan Time. Caso de Mark Siemens, professor associado da
Universidade do Arizona. Ele diz que os fabricantes desses equipamentos ainda
precisam provar sua tecnologia, especialmente em escala.
Outro desafio a superar são
obstáculos regulatórios. Os Estados Unidos já deram a aprovação para o uso de
drones de pulverização agrícolas usados por operadores licenciados, mas outros
países, como o Canadá, ainda não. “A estrutura legal ainda é bastante
desafiadora”, afirmou Manoj Karkee, professor especializado em engenharia
agrícola na Washington State University.
Além disso, será necessária uma
grande mudança de mentalidade por parte dos agricultores, acostumados com a
prática da pulverização em massa feita por tratores que tem dominado o setor há
décadas.
Fonte: Um só planeta.

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