Tóquio 2020 e a sustentabilidade superficial.

Como prometido, o Japão fez o evento olímpico mais sustentável de todos os tempos. Aqui, não quero fazer críticas, mas sim compartilhar alguns números e gerar algumas reflexões. O documento divulgado pela organização é um belo manual de como construir um mega evento sustentável que pode, inclusive, ser um modelo para empresas. Um planejamento incrível que atende aos temas urgentes do planeta, conectados com a Agenda 2030.


Desde pódio construído em impressão 3D e feito com plástico retirado do oceano, veículos autônomos elétricos, camas de papel reciclado, medalhas, roupas e muitos outros itens produzidos com materiais recuperados, o evento todo contou uma história incrível sobre as possibilidades infinitas de colaborarmos com o planeta. O Japão mostra seu esforço e merece nosso aplauso por conseguir a marca histórica de ser o primeiro evento olímpico a utilizar energia 100% renovável e neutralizar sua emissão de carbono.

Masako Konishi, líder da organização WWF no Japão, disse: "Utilizar plástico reciclável para construir um pódio é um ótimo showcase, mas assim como as outras eco-iniciativas, não deixa nenhum legado para os japoneses". Já o comitê olímpico argumenta sobre a importância da marca histórica de ter feito um evento positivo na emissão de carbono através da compra de créditos, estabelecendo um novo padrão para os futuros organizadores.

O cálculo é que foram gastos 2,73 milhões de toneladas de CO2 em 2021, já as olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 possui uma estimativa de emissão de 4,5 toneladas. Apesar da economia ser muito relevante em comparação a eventos anteriores, é preciso salientar a diferença de público. Lembrando que a compra de crédito deveria ser sempre uma alternativa quando não existe a possibilidade de não emissão, já que não remove da atmosfera o dano causado.


A grandiosidade do evento e a escala de crescimento tem trazido a importância de discutir o tema da sustentabilidade com maior profundidade. Olímpiadas são predominantemente mega projetos urbanos. Muitos não faziam parte do plano de expansão das cidades, mas existe a tentativa de aproveitamento após os jogos. Mas o que vemos em alguns lugares é que muitas das construções são mal planejadas, feitas para atender à necessidades momentâneas e acabam se tornando um lixo para a cidade com o passar dos anos.

Pelo tamanho e proporção do crescimento é o momento de refletir se o modelo atual ainda faz sentido,  pensar em novas possibilidades que trazem o equilíbrio entre manter o incentivo e a divulgação do esporte, o turismo e a movimentação da economia com o mínimo de impacto ambiental. Não é uma conta fácil.


Fonte: Época Negócios.

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