De acordo com dados da ABRELPE
(Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), em
2016 a média de produção de lixo per capta no Brasil era de 1kg/dia.
Considerando que somos quase 208 milhões de habitantes, conforme estimativa do
IBGE (2017), é possível ter uma noção da quantidade de “lixo” que é gerada
anualmente em todo o Brasil. Só em 2016, foram mais de 78 milhões de toneladas.
Entretanto, não temos dimensão do problema que isso representa, uma vez que com
a coleta pública de resíduos, que na maioria das cidades ocorre, no mínimo,
três vezes por semana, é muito simples conviver com essa realidade. Afinal a
partir do momento que o lixo sai da nossa vista a gente não se preocupa mais
com a destinação final desse material.
A Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei Federal 12.305/2010) determina que todo material produzido pelas
atividades domésticas e comerciais que serão possíveis de coleta pelos serviços
de limpeza pública, deve ser encaminhado para destinação final apenas quando
não é possível seu reaproveitamento, seja por meio da reciclagem, da
reutilização, da compostagem ou da geração de energia. Quando não existir
tecnologias viáveis os resíduos devem ser destinados a aterros sanitários.
Entretanto, do volume produzido em 2016, quase 30 milhões de toneladas não
tiveram a destinação adequada, o que representa um percentual de 41,6% do total
gerado, o que transforma os resíduos sólidos em um grave problema ambiental,
pois o descarte inadequado pode carregar esse material para os córregos e rios
e consequentemente, alcança os oceanos, além da problemática dos lixões, os
impactos na saúde pública dentre outros efeitos negativos.
De acordo com a definição do
Ministério do Meio Ambiente, reciclagem é um conjunto de técnicas de
reaproveitamento de materiais descartados, reintroduzindo-os no ciclo
produtivo. De todo lixo produzido no Brasil, 30% tem potencial para ser
reciclado, porém apenas 3% deste total é efetivamente reciclado. A reciclagem é
uma excelente alternativa para a problemática de resíduos sólidos urbanos,
alcançando a esfera ambiental, o âmbito social e o desenvolvimento econômico.
Dentre os materiais possíveis de
reciclagem encontrados nos resíduos sólidos urbanos se destacam o papel, o
vidro, os plásticos e o metal, principalmente o alumínio que representa o maior
percentual de reciclagem no país: cerca de 97,9% deste resíduo é reciclado,
mantendo a liderança mundial nas atividades de reciclagem seguido pelo Japão
com 77,1% e Estados Unidos com 64,3% Isso ocorre porque o valor de mercado do
alumínio é mais significativo que os demais materiais. Em contrapartida, é
possível constatar que as empresas produtoras das embalagens de alumínio
transferem sua responsabilidade para os catadores informais e depois se beneficiam
deste resultado tão significativo e impactante. A reciclagem do papel apresenta
o segundo maior índice de reciclagem, conforme dados da Associação Nacional dos
Aparistas de Papel, que atinge 63,4%.
Apesar da possibilidade de
reciclagem e do alto impacto ambiental, principalmente nos oceanos, o plástico
apresenta a maior dificuldade da reciclagem devido ao baixo valor agregado e a
expressiva quantidade de resíduos necessária para a obtenção de lucro. Se o
plástico descartado fosse reciclado, seria possível retornar cerca de R$ 5,7
bilhões para a economia, segundo levantamento do Sindicato Nacional das
Empresas de Limpeza Urbana (Selurb). Dos diversos tipos de plásticos produzidos
no Brasil, o PET é o que apresenta o maior índice de reciclagem, chegando a 51%
do total produzido. Entretanto, o volume de plástico produzido no Brasil é
muito expressivo para o baixo índice de reciclagem deste produto: 13,5% do
total de resíduos produzidos anualmente no país são de plásticos, o equivalente
a 10,5 milhões de toneladas. Além de ser um material produzido a partir de
derivados do petróleo, agravando o problema das mudanças climáticas, sua
decomposição pode levar séculos, permanecendo por esse período no ambiente,
causando diversos impactos. Assim, a melhor alternativa para reduzir os danos
causados por este material é a redução de seu consumo, como já vem sendo feito
em diversos países que proíbem ou inibem o uso de copos descartáveis, canudos,
embalagens com envoltórios plásticos, etc.
O vidro, apesar de ser um
material 100% reciclável, os dados sobre reciclagem deste material no país são
imprecisos e variam entre 45% a 49% de índice de reciclagem. O baixo custo de
produção a partir da matéria-prima e o baixo valor agregado deste produto para
os catadores e cooperativas de reciclagem, tornam o vidro um material com pouco
investimento que incentivam sua reciclagem, havendo mais iniciativas de
reaproveitamento do material, o que ainda é inexpressivo diante da quantidade
produzida anualmente.
É importante ressaltar apenas 22
milhões de brasileiros são contemplados por programas municipais de coleta
seletiva, o que representa 18% da população, o que demonstra uma grande
barreira para que a reciclagem seja efetiva no Brasil. Além de mais políticas
públicas para favorecer a reciclagem, é necessário incentivo e esclarecimento
da população sobre os impactos resultantes do descarte incorreto. Se cada
habitante individualmente assumir a responsabilidade pela destinação de seus
resíduos, o Brasil vai atingir outro patamar mundial no âmbito da reciclagem. O
meio ambiente agradece.
Fonte: Portal FMU


0 Comentários